Brener Nunes – Gazeta do Cerrado

Em entrevista com o professor do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Fernan Vergara, a Gazeta questionou sobre os valores dos recursos destinados aos estudos da Transposição do Rio Tocantins ao Rio São Francisco. “ Bom, esses valores, estou te dizendo de uma outra apresentação de representantes do Ministério da Integração, então, não posso te dizer que é realmente esse recurso. Ele fez uma apresentação há dois meses atrás aqui, dizendo que haveria um recurso de R$ 105 milhões para fazer estudos para essa transposição”, contou. O professor nos concedeu entrevista audiência que discutiu a transposição na tarde desta terça-feira, 17. Ele apresentou um panorama sobre os conflitos pelo uso da água no Brasil.

 

Para a Gazeta, Vergara diz que sugeriu que esse recurso seja utilizado de outras maneiras que tragam benefícios ao Estado. “O que nós sugerimos: que esse recurso seja utilizado na revitalização e para desenvolver um centro de pesquisa na área de recursos hídricos na bacia do Araguaia – Tocantins. Na minha cidade há um grande potencial humano para desenvolver recurso financeiro para fazer isso”, destacou.

 

O professor afirma que esse recurso seria mais que o suficiente se investido em pesquisas e revitalização dos rios. “Esse recurso seria o suficiente, mais que suficiente. A príncipio é um valor alto, não sei a profundidade disso tudo que eles pretendem fazer, vi a apresentação dele hoje. Praticamente um EVTA – Estudo de Viabilidade Técnica Ambiental. Para saber para onde seria essa transposição”, pontuou.

 

Fernan revela que a transposição pode custar aos cofres públicos entre até R$ 7 bilhões. “Essa transposição pode custar de R$ 5 a R$ 7 bilhões. Poderiam ser feitas muitas outras coisas como, a revitalização de nascentes, recuperação de margens, e mais estudos e pesquisas para uso eficiente da água, e para que esse recursos eja bem mais utilizado”, esclarece.

 

Entenda

 

O projeto prevê um percurso de 733 KM de interligação entre o Tocantins e o rio Preto, na Bahia, vinculado à bacia do São Francisco.

 

O rio Tocantins percorre os estados de Goiás, Tocantins, Maranhão e Pará, até a sua foz no golfo Amazônico – próximo a Belém.

 

Como é sabido de todos, o nível das águas do rio Tocantins baixa ano após ano, prejudicando o turismo e a pesca. Em alguns trechos, como em Tocantinópolis, região Norte do Estado do Tocantins, é possível fazer a travessia do rio a pé.

 

A comissão externa sobre a transposição do Rio São Francisco teve reunião no última dia 14 para votação de requerimentos pedindo a realização de audiências públicas e seminário para discutir o tema.

 

O colegiado começou a funcionar em fevereiro de 2015, fez visitas técnicas às obras, realizou seminários regionais em Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Ceará e ouviu ambientalistas, pesquisadores, representantes da sociedade civil e dos governos estaduais e municipais.

 

A comissão é composta por 17 parlamentares, sob a presidência do deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE). O prazo para o encerramento dos trabalhos ainda não foi definido e haverá um relatório final das atividades do colegiado. O relator é o deputado Rômulo Gouveia (PSD-PB).