Apesar de não ser recomendado deixar para a última hora a entrega da declaração do Imposto de Renda, há casos em que é vantagem enviar nos últimos dias. O prazo de entrega se estende até 30 de abril.

Quem entrega na última hora provavelmente recebe a restituição apenas nos últimos lotes. É que a Receita Federal analisa as declarações por ordem de chegada. As restituições serão pagas entre junho a dezembro. Ao todo, serão 7 lotes. O pagamento do primeiro será feito no dia 15 de junho, e o último, dia 17 de dezembro.

Imposto de Renda no G1  (Foto: Ilustração: Karina Almeida/G1)Imposto de Renda no G1  (Foto: Ilustração: Karina Almeida/G1)

Imposto de Renda no G1 (Foto: Ilustração: Karina Almeida/G1)

Correção pela Selic

Os valores das restituições do Imposto de Renda são corrigidos pela variação dos juros básicos da economia, atualmente em 6,5% ao ano. A previsão do mercado é que a taxa de juros feche 2018 em 6,25% ao ano.

Assim, os contribuintes que receberem nos últimos lotes terão seus valores a restituir atualizados pela taxa de juros básicos Selic acumulada até o mês da restituição.

Mas, diferentemente de outros anos, quando havia a expectativa de elevação dos juros ao longo do ano, deixar para fazer a declaração nos últimos dias para receber nos últimos lotes não trará a mesma vantagem. Ainda assim, a correção do dinheiro pela taxa Selic é maior que da poupança e do CDB, por exemplo.

De acordo com Max Scatimburgo, consultor da Atlas Invest, o contribuinte que recebe a restituição no último lote do imposto de renda poderá obter um rendimento de aproximadamente 4,19%, levando em conta a correção pela taxa Selic. Em comparação com a poupança, que apresentaria rendimento médio de 2,88% no período, a rentabilidade seria 30% maior. Se comparado com outras aplicações em renda fixa (rendimento de 3,51% no CDB com retorno de 85% do CDI – média do encontrado em agências bancárias), o ganho é 19% maior (veja na tabela abaixo).

Comparativo de rendimentos (simulação com R$ 500)

Período CDB (85% do CDI) Correção pela Selic Poupança
Maio R$ 504,33 R$ 505,16 R$ 503,60
Junho R$ 506,51 R$ 507,76 R$ 505,40
Julho R$ 508,68 R$ 510,35 R$ 507,19
Agosto R$ 510,87 R$ 512,95 R$ 508,97
Setembro R$ 513,06 R$ 515,57 R$ 510,76
Outubro R$ 515,29 R$ 518,24 R$ 512,57
Novembro R$ 517,54 R$ 520,93 R$ 514,39
Dezembro R$ 519,79 R$ 523,63 R$ 516,20
Rentabilidade 3,51% 4,19% 2,88%

Já aqueles que recebem nos primeiros lotes têm a vantagem de fazer aplicações financeiras com rentabilidade acima da Selic, como Tesouro Direto, ações, fundos imobiliários e fundos multimercados de diferentes níveis de risco, segundo Scatimburgo.

Coleta de documentos

Outro caso em que é vantajoso é se o contribuinte ainda não está de posse de todos os documentos necessários, segundo Richard Domingos, diretor executivo da Confirp Consultoria Contabil. “Contudo, nesses casos, é fundamental buscar essa documentação o mais rápido possível, pois em caso de não localizar, poderá ter que enviar a declaração incompleta, tendo que retificar posteriormente”, alerta.

Imposto a pagar

Para Leonardo Milanez Villela, advogado tributarista e sócio da Correia da Silva Advogados, deixar a entrega para a última hora não apresenta vantagens para quem apura saldo de imposto a pagar. O prazo de vencimento da primeira parcela é 30 de abril e não se altera pela data de entrega da declaração do contribuinte, explica.

Segundo o advogado tributarista, o que pode se apresentar como vantajoso no atual patamar da Selic é a opção de parcelar, em até oito meses, o saldo de imposto a pagar apurado na declaração do imposto de renda. “A partir do vencimento da primeira parcela, o saldo de imposto em aberto sofre atualização mensal pela taxa básica de juros, enquanto que o contribuinte pode rentabilizar o seu dinheiro em patamar superior aos juros da Selic”, diz.

Domingos afirma que não é vantagem deixar para a última hora quando o contribuinte possui valores a serem restituídos e necessita do dinheiro para pagar contas ou para ajustar a vida financeira. “Nesse caso, o mais interessante é que se entregue o quanto antes, pois assim terá o dinheiro nos primeiros lotes e poderá utilizar para suas devidas finalidades”, diz.

Risco de cometer erros

Villela ressalta que é preciso ter atenção na hora de preencher a declaração, e deixar para a última hora pode aumentar o risco de cometer erros.

“Se forem identificadas inconsistências no cruzamento de dados com outras declarações ou mesmo com informações da própria declaração, o contribuinte pode cair na malha fina e receber a restituição apenas após prestar esclarecimentos à Receita Federal”, explica.

“É importante alertar sobre o risco que muitas pessoas correm ao utilizar linhas de antecipação da restituição do imposto de renda, pois, caso caiam na malha fina, não receberão o valor no prazo e terão que arcar com os juros cobrados pelos bancos”, comenta Domingos.

Por Marta Cavallini, G1