Lado a lado, os jogadores de Grêmio e Monagas pisam o gramado e se perfilam para o protocolo habitual da Libertadores antes de a bola rolar para a sofrida vitória gremista por 2 a 1, nesta terça-feira, no Monumental de Maturín. Nas arquibancadas, a torcida local dá show à parte, com uma recepção calorosa – inversamente proporcional à presença escassa de público -, aos cânticos, e faz até chover dinheiro no céu do maior estádio da Venezuela.
Não é força de expressão. Apenas mais uma faceta da realidade de um país combalido, que sofre diariamente com uma grave crise política e econômica. Com a desvalorização de seu dinheiro por uma inflação que deve chegar a 13.000% ao fim do ano, sai mais em conta aos maturinenses arremessar as cédulas de 100 bolívares ao alto do que comprar papel para picar.
Torcida “raiz” e comida liberada
Em meio à crise que os faz formar filas para ter acesso a remédios, dinheiro e produtos básicos, os venezuelanos se viram como podem para poder viver um respiro de diversão com o futebol. Com estrutura limitada e insuficiente de transporte público, muitos maturinenses, como são chamados os locais, circulam pela cidade sem qualquer proteção na caçamba de camionetes e pequenos caminhões.
A opção foi adotada até pela banda da torcida organizada, que chegou ao estádio com instrumentos em mãos em um dos veículos.
O Monagas, aliás, se sensibiliza à crise. O clube liberou aos torcedores a entrada no estádio com comida e bebidas. Isso, desde que levassem seus alimentos em vasilhas e garrafas plásticas. Não à toa, muitas delas voaram na comemoração do gol contra de Kannemann.
Com informações do Globo Esporte.