Especialistas descobriram que o GhostDNS, um sofisticado sistema de sequestro de DNSpara roubo de dados, está afetando mais de 100 mil roteadores – 87% deles no Brasil. De acordo com a Netlab, empresa especializada em segurança da informação, o malware foi encontrado em mais 70 modelos, incluindo marcas como TP-Link, D-Link, Intelbras, Multilasere Huawei, entre outras.
Usando o método de phishing, o ataque tem como objetivo final descobrir credenciais de sites importantes, como bancos e grandes provedores. Pelos registros da Netlab at 360, que descobriu o golpe, URLs brasileiras da Netflix, Santander e Citibank foram algumas das invadidas pelo GhostDNS. A seguir, saiba tudo sobre o malware e aprenda como se proteger.
O que é o ataque?
O malware reportado pela Netlab at 360 realiza um ataque conhecido como DNSchange. De uma forma geral, este golpe tenta adivinhar a senha do roteador na página de configuração web usando identificações definidas por padrão pelas fabricantes, como admin/admin, root/root, etc. Outra maneira é pular a autenticação explorando dnscfg.cgi. Com acesso às configurações do roteador, o malware altera o endereço DNS padrão – que traduz URLs de sites desejáveis, como os de bancos – para IPs de sites mal-intencionados.
O GhostDNS é uma versão bastante aprimorada desta tática. Ele conta com três versões de DNSChanger, chamados no próprio código de Shell DNSChanger, Js DNSChanger e PyPhp DNSChanger. O PyPhp DNSChanger é o principal módulo entre os três, tendo sido implantado em mais de 100 servidores, a maioria Google Cloud. Juntos, eles reúnem mais de 100 scripts de ataque, destinados a roteadores nas redes de Internet e intranet.
Como se não bastasse, há ainda outros três módulos estruturais no GhostDNS, além do DNSChanger. O primeiro é o servidor DNS Rouge, que sequestra os domínios de bancos, serviços na nuvem e outros sites com credenciais interessantes para os criminosos. O segundo é o sistema de phishing na web, que pega os endereços de IP dos domínios roubados e faz a interação com as vítimas por meio de sites falsos. Por fim, há o sistema de administração web, sobre o qual os especialistas ainda têm poucas informações do funcionamento.
Fluxograma do ataque promovido pelo GhostDNS a roteadores — Foto: Reprodução/Netlab at 360
Riscos do ataque
O grande risco do ataque é que, com o sequestro do DNS, mesmo que você digite a URL correta do seu banco no navegador, ela pode redirecionar para o IP de um site malicioso. Assim, mesmo quando um usuário identifica mudanças na interface da página, é levado a acreditar que está em um ambiente seguro. Isso aumenta as chances de digitar senhas de banco, e-mail, serviços de armazenamento na nuvem e outras credenciais que podem ser usadas por cibercriminosos.
Quais roteadores foram afetados?
No período de 21 a 27 de setembro, o Netlab at 360 encontrou pouco mais de 100 mil endereços IP de roteadores infectados. Desses, 87,8% – ou seja, aproximadamente 87.800 – estão no Brasil. Contudo, devido às variações dos endereços, o número real pode ser um pouco diferente.
Contador de roteadores infectados pelo GhostDNS — Foto: Reprodução/Netlab at 360
Os roteadores afetados foram infectados por diferentes módulos DNSChanger. No Shell DNSChanger, os seguintes modelos foram identificados:
- 3COM OCR-812
- AP-ROUTER
- D-LINK
- D-LINK DSL-2640T
- D-LINK DSL-2740R
- D-LINK DSL-500
- D-LINK DSL-500G/DSL-502G
- Huawei SmartAX MT880a
- Intelbras WRN240-1
- Kaiomy Router
- MikroTiK Routers
- OIWTECH OIW-2415CPE
- Ralink Routers
- SpeedStream
- SpeedTouch
- Tenda
- TP-LINK TD-W8901G/TD-W8961ND/TD-8816
- TP-LINK TD-W8960N
- TP-LINK TL-WR740N
- TRIZ TZ5500E/VIKING
- VIKING/DSLINK 200 U/E
Já os roteadores afetados pelo Js DNSChanger foram estes:
- A-Link WL54AP3 / WL54AP2
- D-Link DIR-905L
- Roteador GWR-120
- Secutech RiS Firmware
- SMARTGATE
- TP-Link TL-WR841N / TL-WR841ND
Por fim, os dispositivos atingidos pelo módulo principal, o PyPhp DNSChanger, são os seguintes:
- AirRouter AirOS
- Antena PQWS2401
- C3-TECH Router
- Cisco Router
- D-Link DIR-600
- D-Link DIR-610
- D-Link DIR-615
- D-Link DIR-905L
- D-Link ShareCenter
- Elsys CPE-2n
- Fiberhome
- Fiberhome AN5506-02-B
- Fiberlink 101
- GPON ONU
- Greatek
- GWR 120
- Huawei
- Intelbras WRN 150
- Intelbras WRN 240
- Intelbras WRN 300
- LINKONE
- MikroTik
- Multilaser
- OIWTECH
- PFTP-WR300
- QBR-1041 WU
- Roteador PNRT150M
- Roteador Wireless N 300Mbps
- Roteador WRN150
- Roteador WRN342
- Sapido RB-1830
- TECHNIC LAN WAR-54GS
- Tenda Wireless-N Broadband Router
- Thomson
- TP-Link Archer C7
- TP-Link TL-WR1043ND
- TP-Link TL-WR720N
- TP-Link TL-WR740N
- TP-Link TL-WR749N
- TP-Link TL-WR840N
- TP-Link TL-WR841N
- TP-Link TL-WR845N
- TP-Link TL-WR849N
- TP-Link TL-WR941ND
- Wive-NG routers firmware
- ZXHN H208N
- Zyxel VMG3312
Como se proteger
A primeira providência a tomar é mudar a senha do roteador, especialmente se você usa o código padrão ou adota uma senha fraca. Também é recomendável atualizar o firmware do roteador e verificar nas configurações se o DNS foi alterado.
Como configurar a senha do seu roteador Wi-Fi
O que dizem as fabricantes
O TechTudo entrou em contato com a Intelbras, que desconhece qualquer problema em seus roteadores: “informamos que não temos até o momento nenhum caso registrado de prejuízo aos nossos usuários por meio de nossos 14 canais de atendimento, correspondente a vulnerabilidade de roteadores Intelbras”. Em relação à segurança, a empresa orienta que os consumidores mantenham a rotina de atualização dos equipamentos: “o controle e a disponibilização de firmwares atualizados estão disponíveis em nosso site (www.intelbras.com.br/downloads)”.
A TP-Link, D-Link, Multilaser e Huawei ainda não se pronunciaram até o momento da publicação desta matéria.
Fonte: TechTudo