“Ela falou que ficou o tempo todo com arma apontada para ela e uma faca”. As palavras são de Osmarry Sobrinho, tia da professora Elisangela Mendes, que foi feita refém por presos foragidos do presídio Barra da Grota em Araguaína. Ela e o chefe de plantão do presídio, Roberto Aires, foram liberados mais de 24 horas depois, na noite desta quarta-feira (3). Ao todo, 28 presos fugiram, sendo que 10 morreram em confronto com a polícia, um se entregou após ser ferido e 17 seguem foragidos.

A professora e o chefe de plantão reencontraram os parentes na entrada do Hospital Regional de Araguaína. Eles foram levados para a sala vermelha da unidade, onde tomaram soro e receberam curativos. Elisangela está com um ferimento na perna.

Durante conversa com a tia, ela relatou um pouco do que passou nas mãos dos detentos. “Eles fizeram eles caminharam durante toda a noite no meio da mata e depois os deixaram e pediram para eles: ‘Vocês vão ficar aí e daqui 1 hora vocês vão poder sair para procurar ajuda”.

Os parentes e amigos se emocionaram ao reencontrar a professora e o chefe de plantão. “Está sendo um alívio muito grande, estávamos desesperados. Eram muitas notícias dizendo que ela tinha morrido ontem, aí nós ficamos preocupados”, disse o irmão da professora, Rosinaldo Mendes.

Os três pediram ajuda para o agricultor Ataíde de Oliveira. “Eles chegaram, quando me gritaram ali, cismados, colocavam as mãos para cima, eu falei: ‘Pode chegar, se vocês estavam perdidos não estão mais. Está comigo, está com Deus”.

A fuga foi registrada na última terça-feira (2), após uma rebelião. Um vídeo feito por moradores mostra os detentos saindo pelo portão da frente do presídio. A TV Anhanguera teve acesso a uma conversa em que dois agentes penitenciários preveem uma rebelião.

Agente penitenciário 1: “Nesse último plantão, ele falou assim: ‘Está impossível trabalhar aqui’. É, infelizmente é coisa que a gente estava prevendo. Nesse último plantão parece que ele me falou que tinham 13 pessoas e ele falou que foi um plantão muito puxado”.

O secretário de Cidadania e Justiça Heber Fidelis disse que não identificou a falha que gerou a fuga. “Não tivemos tempo para avaliar como ocorreu a fuga. Num primento momento, chegamos aqui com as forças policiais e de pronto a vida dos reféns. A segunda meta é recapturá-los. Depois, vamos sentar, analisar, conversar descobrir o que aconteceu, onde foi a falha, corrigir, para que isso não aconteça mais”.

Entenda

A rebelião teve início às 14h40 e seguiu até às 16h, nesta terça-feira (3), quando o grupo saiu do presídio. Ao todo, 28 presos escaparam levando dois reféns. Dez criminosos foram mortos em confronto com a polícia e os demais seguem foragidos.

A rebelião começou dentro da sala de aula da unidade. Seis pessoas foram feitas reféns, mas quatro ficaram feridos e foram deixados pelos criminosos. Entre os feridos estão os agentes penitenciário Mark Alves Garcia de Sousa, de 31 anos, e Magnun Alves Garcia de Sousa, de 28 anos; além de um funcionário de uma empresa terceirizada, Adssandro Alves Pereira. Eles foram internados e não correm risco de morrer.

A professora Elisângela Mendes Sobrinho, de 43 anos, e o chefe de plantão da unidade, Roberto Aires, foram levados pelos fugitivos e estão desparecidos há mais de 20 horas.

Homens da Polícia Militar, Polícia Civil e do sistema penitenciário ainda estão procurando pelos fugitivos em uma área de mata. Cães farejadores também são utilizados. O helicóptero da Segurança Pública também ajuda nas buscas com homens armados.

O governo do estado informou que o governador Mauro Carlesse (PHS) enviou secretários e o chefe da Polícia Militar para Araguaína, onde vão acompanhar as buscas. A ordem é de resgatar os reféns e negociar um fim pacífico para a fuga.

Fonte: G1 Tocantins