O Ministério Público está investigando se há nessas eleições um esquema profissional utilizado pelas campanhas para a propagação de fake news, expressão em inglês que significa “notícias falsas” e define a prática de divulgar fato mentiroso com o objetivo de prejudicar candidato adversário.
A afirmação é do vice-procurador-geral Eleitoral, Humberto Jacques de Medeiros, o número 2 do Ministério Público nessas eleições, instituição que tem sua atuação eleitoral chefiada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que é também procuradora-geral eleitoral.
Segundo Medeiros, a Procuradoria investiga suspeitas surgidas durante o primeiro turno das eleições sobre o uso de pessoas contratadas para divulgar fake news contra adversários políticos. O procurador não deu detalhes sobre o andamento das investigações.
“A lei eleitoral fala que contratar alguém para difundir na internet propaganda negativa é crime, então como é um crime a gente tem que encontrar quem isso fez”, disse.
“Agora, sim, o que é preocupante é quando você tem um esquema industrial de produção de mentira com uma propagação artificialmente impulsionada, é isso que é o grave”, afirmou. “É isso que está sendo investigado em alguns casos”, completou Medeiros.
O procurador participou nesta terça-feira (16) de reunião no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) entre representantes do aplicativo WhatsApp e membros do Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições, órgão criado pelo tribunal para discutir medidas de combate às fake news.
Para Medeiros, a liberdade de expressão deve ser protegida no combate às fake news e as pessoas não devem ter medo de expressas suas opiniões, embora seja recomendável checar a veracidade de uma notícia antes de compartilhá-la nas redes sociais. O procurador afirma que não é crime o simples compartilhamento de notícias falsas por eleitores que agiram de boa-fé.
“A liberdade de expressão é sagrada, estamos numa democracia, não se pode ir para uma eleição com as pessoas com medo de falar”, disse.
O que a gente pede é que as pessoas sejam zelosas quando passam adiante uma informação que elas receberam e não conhecem a qualidade ou a densidade daquilo, mas a gente não pode instalar um estado de repressão, uma mordaça nas pessoas, para que elas tenham medo de falar”, afirmou Medeiros.
Fonte: Uol