Vitória Soares – Gazeta do Cerrado 

Matéria atualizada em 14/11/2018 às 14h46

O julgamento pela morte do vaqueiro Manoel Pereira da Silva, de 75 anos, ocorreu na última sexta-feira, 9, com cerca de 22 horas de duração, terminando por volta das 5h30 de sábado, 11.

O réu Paulo de Araújo Carvalho foi condenado a 15 anos em regime fechado pela morte de Manoel Pereira, e a 1 ano e 4 meses em regime semiaberto pela tentativa de roubo dos gados da fazenda da vítima. O assassino estava preso desde janeiro de 2017 e na última sexta-feira, foi condenado pelo juri popular.

Em conversa com a Equipe da Gazeta do Cerrado, a filha da vítima, cineasta,  Eva Pereira, falou a respeito do sentimento da família em relação ao julgamento do caso.

“Não traz sensação de vitória, mas traz sensação que a justiça continua se envolvendo”, afirma Eva.

Manoel Pereira da Silva morreu aos 75 anos (foto: divulgação)

Ela acredita que essa foi uma grande etapa vencida, mas que ainda é necessário continuar investigando o caso e descobrir se há envolvimento de outras pessoas, pois mesmo condenado, Paulo de Araújo, não confessou o crime e não revelou nome de possíveis cúmplices.

“Luta por justiça é o que me mantém viva”, disse em relação ao julgamento do caso.

A cineasta considera 15 anos pouco, em relação a condenação pela morte do pai, mas afirma que o trabalho da justiça foi impecável na condução dos fatos. Destacando o promotor do caso, Felício Lima, que auxiliou durante o processo. Ela acredita que a condenação do assassino é uma forma de barra-lo e evitar que ele cometa novos crimes.

“Não traz meu pai de volta, mas ele precisava ser condenado”, disse. “É uma forma de barrar esse monstro”, concluiu.

Manifestações em Miracema (Divulgação)

A filha da vítima afirma ainda que o apoio da população de Miracema foi essencial, pois se mantiveram próximos a família e compartilharam o sentimento de dor.

A nossa equipe também entrou em contato com o promotor Felício Lima Soares, que relatou sobre as dificuldades de encontrar provas do envolvimento de Paulo de Araújo com o crime.

“Foi um caso difícil, porque nã tínhamos provas do momento em si, mas conseguimos indícios do envolvimento dele com o crime”, afirma o promotor.

O promotor disse ainda que o caso foi se desenvolvendo de acordo com as investigações e que a comprovação veio por indícios descobertos e por tentativas falhas do autor em se defender do crime.

A defesa se manifesta

A defesa do réu Paulo de Araújo Carvalho, exercida pelos advogados Thiago Dávila Souza dos Santos Silva e Fernanda Martins da Silveira, manifestou que não houveram provas suficientes para sustentar a condenação, não havendo nenhum elemento que ligasse a morte da vítima ao acusado, motivo pelo qual recorrerá até última instância buscando a absolvição do acusado.

Entenda o caso 

O crime aconteceu entre os dias 05 e 06 de julho de 2016, na Fazenda Boa Nova, zona rural de Miracema. Paulo de Araújo matou o idoso Manoel Pereira da Silva, a pauladas, utilizando um pedaço de madeira.

No dia seguinte ao crime, buscando se apropriar de animais da fazenda da vítima, Paulo negociou a venda do gado e só não conseguiu concluir a transação porque um dos filhos de Manoel chegou ao local antes que os animais fossem transportados.

O caso estava sendo investigado desde 2016 e em janeiro de 2017 o autor do crime foi preso, a defesa tentou entrar com recursos diversas vezes, mas foram negados. Sendo condenado no julgamento da última sexta-feira.