Essa semana começou com uma polêmica da música, que leva o nome de Fábio Assunção, que traz o seguinte trecho: “Hoje eu vou beber / Hoje eu vou ficar loucão / Hoje eu não quero voltar pra minha casa não / Hoje eu vou virar o Fabio Assunção.” O ator foi às redes sociais para falar de um problema sério de saúde pública – a dependência química.

A doença, que pode trazer transtornos à saúde do indivíduo e prejudicar as relações familiares, sociais e de trabalho, tem tratamento através da rede de saúde da Capital, que se aprimora cada dia mais para oferecer a população o tratamento gratuito no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas, o Caps AD III.

O Caps AD III adota a política de portas abertas, 24 horas, sem necessidade de prévio agendamento e não há fila de espera. O acompanhamento consiste em três etapas: ambientação, adaptação funcional e reintegração ao meio social. “A pessoa é recebida, se há uma necessidade avaliada, ela já permanece durante o dia e daí ela começa um processo de ambientação, onde os profissionais em equipe interdisciplinar trabalham para produzir junto com essa pessoa o projeto terapêutico singular dela”, explica o psicólogo e coordenador do Caps AD III, Gilberto David Filho.

De acordo com o coordenador o ideal é trabalhar com as adaptações da vida diária do indivíduo, então se ele já trabalha, já estuda, a gente vai reforçar esse comportamento e abrir mais para que esse projeto se estenda lá fora, na rede de apoio do próprio Sistema Único de Saúde e também na rede de apoio do indivíduo para que ele se sinta apoiado no tratamento.

O secretário de Saúde de Palmas, Daniel Borini, diz que durante o tratamento do paciente a equipe do Caps AD III trabalha em primeiro lugar o sentido de vida do paciente, buscando respeitar os aspectos psicológico, social e biológico. “Buscamos dar suporte a pessoa para que ela tenha menos agravos biopsicossocial. O paciente pode  escolher ter força para ficar abstinente como ele também pode fazer redução desse uso. A equipe trabalha dentro da lógica de redução de danos.”, observa o secretário.

Atividades

Todas as atividades desenvolvidas no Caps AD III, mesmo as de lazer, são planejadas, podendo ser em grupo ou individual que buscam a reflexão da pessoa sobre o seu sentido de vida. “Nós buscamos focar não nas drogas, mas no sentido de vida, então ela passa por atividades de grupos operativos, por oficinas terapêuticas, oficinas de artesanato, oficinas de culinária. Ela passa por grupos que trabalham a cognição, grupos operativos que trabalham a questão de características de personalidade como ele se comporta em grupo, como ele lida com a questão da cooperatividade, da competitividade. Os grupos são voltados para as características que compõem a personalidade do indivíduo”, lembra o coordenador.

Busca Ativa

O Caps AD III também trabalha com a chamada busca ativa, ou seja, não espera o paciente buscar o atendimento, até porque nem sempre ele tem consciência de que precisa de tratamento. Nesse sentido, as pessoas que estão a sua volta podem procurar o Caps que fará a busca ativa do paciente.

“A família pode nos procurar mesmo se o indivíduo não queira vir ou não tenha vindo, ela vai ter um suporte aqui, um espaço de escuta, de aprendizado e de reeducação de como lidar com isso. Temos casos e casos de quando os profissionais buscam esse indivíduo ele consegue fazer um vínculo e esse indivíduo muitas vezes adere ao tratamento. Geralmente começa com uma visita, onde a gente bate na porta, a gente diz nós somos da saúde, a gente tem a preocupação para que você fique bem”, explica.

Atualmente, o Caps AD III está atendendo 600 pessoas por mês, das quais 300 estão estabilizadas (ou diminuíram o uso de álcool ou estão completamente abstinentes). “Quase todas essas pessoas usam múltiplas drogas e o álcool é uma delas. Apenas 5% não usam álcool”, conta o coordenador.