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Lucas Eurilio

A permanência de uma arara da espécie canindé em restaurantes da região do Jalapão tem causado o maior ‘rebuliço’ entre donos de restaurantes e o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins).

Conhecida como Nina, a arara domesticada encanta turistas e chega até a pousar nas mesas enquanto turistas almoçam em Mateiros.

Teve confusão durante uma ação do Naturatins na tentativa de capturar Nina (Veja no final da reportagem).

O problema é que segundo o superintendente de Sustentabilidade do Naturatins, Warley Rodrigues, toda essa situação se enquadra em um tipo de “prostituição animal”, onde, no caso a arara, é alimentada para ir fácil na mão dos turistas.

“A arara de fato está solta só que ela é alimentada o tempo inteiro com comida humana. Ali ela pousa na mesa, pega a comida e vai embora. Ela foi adestrada fazendo Isso. Isso é um tipo de prostituição com o animal, pra ele vir fácil na mão e os turistas tirarem fotos. Aquele pessoal do restaurante que fez esse auê todinho, falou em constrangimento, eles não são os donos do animal. A gente já tinha conversado com o dono. O problema é que a equipe teve uma inabilidade e na hora chegou no restaurante, era pra ter ido na casa do proprietário da arara, que nós já tínhamos conversado com ele sobre a situação, falando que aquilo lá estava errado, é um crime ambiental alimentar o animal com comida humana sujeita aquela alimentação pra ficar manso. Então, na realidade eles estão prostituindo a arara pra que ela fique mansa pra agradar os turistas. O proprietário do animal já tinha ciência disso, ele sabia que ela já estava dando trabalho até pra ele mesmo. Mas as pessoas dos restaurantes, principalmente, os restaurantes e os condutores que não tem essa consciência ambiental, eles ficam se utilizando do animal e fizeram aquele auê todinho porque isso traz lucro pra eles”, disse.

Nossa equipe conversou também com uma das proprietárias de restaurantes, Ana Cássia, disse que mora há um ano no Jalapão e há seis meses tem um restaurante. Segundo Ana, a arara sempre esteve no local.

“Tem seis que eu tenho um restaurante e moro há um ano aqui no Jalapão. E a Nina, ela sempre vem aqui no restaurante. Ela não é minha, ela é do Nelsi que é o dono de um outro restaurante aqui. E assim, as pessoas sempre tiraram fotos com a Nina. Aí eu houve uma denúncia de que todos os restaurantes estavam alimentando, ai eles vieram aqui pra buscar ela, só que vieram sem nenhum documento juducial e querendo levar a Nina, só que a gente não deixou. Eles querem levar ela pra reabilitação, só que a arara não tem marca nenhuma de maus-tratos e ela vai pra onde ela quer. Hoje ninguém é dono dela, nem nunca foi”, ressaltou.

A dona do restaurante disse também há casos iguais ao de Nina em várias cidades do país.

“Vimos na internet outros locais que tem araras como a Nina, da mesma espécie Canindé, e não tem esse alvoroço todo que tá acontecendo aqui no Jalapão. É um absurdo o que tá acontecendo aqui. Eles chegam aqui com argumentos dizendo que a gente dá pirulito, balinha e sendo que nem isso a gente vende aqui. Dizendo que a gente usa ela pra ganhar dinheiro. Como que usa ela aqui? A imagem dela. Ela tá aqui hoje, amanhã ela está em outro restaurante. Ela é daqui. Todo mundo vem pro Jalapão e sabe que a Nina está aqui, mas não é pra usar a imagem dela, em hipótese alguma, é porque ela vive aqui e é bonito isso. Ela não é presa, ela vai pra onde ela quer. Isso causa admiração, com certeza, mas não que a gente vá usar isso pra lucrar. É amor, é carinho. Todo mundo. Tanto animal, como ser humano gosta de carinho”, concluiu.

Por outro lado o Naturatins defende a captura para fazer a reabilitação e devolver Nina a seu habitat natural. Warley afirmou que o órgão não foi para multar os donos dos estabelecimentos e ue servidores do Naturatins foram ameaçados por um vereaqdor. .

“Não fomos pra multar ninguém. Fomos única e exclusivamente pra recolher o animal, tirar ele daquela condição que ele tava lá de prostituição por comida, levar ele pra um ambiente que ele vai conviver com outras araras, vai receber uma alimentação ideal e em algum outro momento, se ele tiver condições ele vai ser solto em outra área, não aquela área em que ele foi adestrado, habituado a ficar daquela forma lá. O trabalho que a gente faz, nós não vamos criar ele em cativeiro, vamos tentar reabilitar aquele bicho e tentar reintroduzir ele em outros grupos de araras em outros locais, onde não tenha aquela similação fácil de que vai ter comida porque vai ter gente.

Ele acusou ainda um vereador de Mateiros de ameaçar os servidores do Naturatins.

“Infelizmente, inoportunamente tinha um vereador de Mateiros e foi todo aquele problema e tentou constranger e intimidar e até mesmo ameaçar o pessoal do Naturatins. O que aconteceu foi que os servidores do Naturatins ficaram acuados e ameaçados porque estavam lá fazendo uma ação de resgate do animal”.

 

Divulgação

Por fim, Warley ressaltou que a alimentação que Nina tem recebido, é inadequada e pode prejudicar sua saúde. Além disso, ele falou sobre a importância de mudar a imagem do Jalapão positivamente.

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“Tá muito claro que esse animal já está associando a presença de pessoas com a oferta de alimentação pra ele. E essa oferta, não é de uma alimentação adequada, é imprópria pro bicho. Eles acabam prejudicando muito a saúde do animal, estão intoxicando com alimentação com tempeiro, sal, carne. Eles falam que dão só fruta, mas não, a arara pousa na mesa. Nós não íamos aplicar multa, porque conversamos com o proprietário.  Ele disse que resgatou a arara, que achou ela no cerrado, resolveu salvar, começou a criar, só que com advento do turismo nesses restaurantes ali e alguns guias que estão fomentando isso, ela começou a se prostituir por comida. E foi todo esse problema que gerou . Não chegamos pra multar, pra constranger ninguém. Chegamos lá pra tirar o bicho daquela condição na qual ele estava. Não é esse o tipo de turismo que queremos pro Jalapão, não é essa a imagem que nós queremos construir como a qualidade de uma visita ao Jalapão. A gente tem que desconstruir essa imagem e construir uma positiva, ligada, pode ter visualização de aves, sim, mas sem interação, sem aquela prostituição oferecendo comida pro animal vir com mais facilidade”.

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