Texto: Brener Nunes
Estão sendo compartilhados no WhatsApp, videos e imagens do sacrifício de um cavalo com Mormo. As imagens teriam sido gravadas na última sexta-feira, 20. O sacrifício foi feito pela Agência de Defesa Agropecuária (Adapec), em Palmas. No vídeo, o equino é sacrificado com cinco tiros de fuzil na cabeça e depois jogado numa vala por agentes do órgão.
Em entrevista exclusiva à Gazeta do Cerrado, o fazendeiro Milton Ribeiro Máximo, dono do animal, esclarece que ele realizou outro exame em um laboratório autorizado, resultando em negativo. “Eles realizaram um exame em setembro, resultando inconclusivo. Em outubro, eu fiz outro, em laboratório autorizado e deu negativo, mas mesmo assim eles sacrificaram o Grafite”, lamenta.
Segundo Milton, a Adapec solicitou que ele colocasse o animal em quarentena, assim, evitando uma possível contaminação até que o resultado do exame ficasse pronto. “Eu fiz um requerimento junto a Adapec, mas não adiantou nada. Foi tudo protocolado”, conta.
O cavalo era da raça Mangalarga Marchador, tinha cinco anos e era chamado de Grafite. “Ele tinha uma pelagem tão bonita, diferente, não era normal.”
Segundo o fazendeiro, um animal dessa raça custa em torno R$ 30 mil. “Ele custa uns R$ 30 mil, mas para Adapec ele vai custar bem mais caro. Vou entrar com uma ação contra eles”, destaca.
Resposta da Adapec
Procurados pela Gazeta, a Adapec esclarece que o resultado do exame de Mormo do animal foi inconclusivo. Deste modo, os laboratórios credenciados para realizarem análises de Fixação de Complemento (FC) para diagnóstico da doença, deverão em caso de resultado diferente de negativo, ou seja: anticomplementar, inconclusivo ou positivo, encaminhar uma mesma amostra do animal já utilizada para FC, para o Laboratório Oficial do MAPA (LANAGRO/PE), onde foi realizado o exame laboratorial complementar confirmatório Western Blotting (WB).
Segundo a agência, o resultado do exame foi positivo para Mormo no método de diagnóstico WB conforme o Relatório de Ensaio para Diagnóstico de Mormo.
Em relação ao segundo exame realizado por Milton, em que inteirado dói negativo, a Adapec afirma, que este exame não possui validade, pois na coleta de sangue para FC o médico veterinário tira duas amostras, sendo proibida enviar outra data para o mesmo exame, por diversos motivos como medicações que alteram o resultado
A Adapec também esclarece que o animal sacrificado era sabidamente positivo e não suspeito como afirmaram nos veículos de comunicação. O segundo exame laboratorial foi o complementar confirmatório Western Blotting, exame definitivo e não necessita de reteste, por ser altamente eficaz.
Casos no Estado
De acordo com a Adapec, no Tocantins foram confirmados 38 casos positivos de Mormo em cavalos, sendo 27 em Formoso do Araguaia; quatro em Cariri do Tocantins; cinco em Sandolândia; um em Palmeirante e um em Palmas. Todas as propriedades onde os animais se encontravam foram devidamente saneadas.
Mormo. O que é?
O Mormo é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Burkholderia mallei que acomete principalmente os equídeos (asininos, equínos e muares). Nos equídeos, os principais sintomas são nódulos nas narinas, nos pulmões e nos gânglios linfáticos, corrimento purulento, pneumonia, febre e emagrecimento. Existe ainda a forma assintomática na qual os animais não apresentam sintomas, mas possuem a enfermidade, sendo uma importante fonte de infecção para animais sadios e humanos. Não existe vacina e nem tratamento, o único método preconizado pelo MAPA é o sacrifício sanitário dos animais positivos, conforme Instrução Normativa MAPA Nº 24, de 05 de abril de 2004.
Trata-se, ainda, de uma importante zoonose (doença comum ao homem e aos animais), cuja letalidade dos casos clínicos humanos é alta. A infecção humana ocorre por contato com secreções e úlceras cutâneas de animais doentes, bem como através de objetos contaminados. A via de penetração do agente no ser humano envolve a pele, mucosa nasal e ocular. As pessoas que mantiverem contato com animais suspeito
A Adapec informa que as medidas necessárias para sanear o foco, investigação de possíveis vínculos epidemiológicos e controle do trânsito de equídeos vêm sendo adotadas com o objetivo de impedir sua disseminação.
O Mormo está presente na Lista de Doenças de Notificação Obrigatória ao Serviço Veterinário Oficial da Instrução Normativa/MAPA nº 50, de 24/09/2013. Toda suspeita de Mormo deve ser notificada imediatamente à ADAPEC para que sejam adotadas as medidas sanitárias pertinentes.