Os sites, agências e projetos de checagem Aos Fatos, Lupa, Truco/Pública, Comprova, Estadão Verifica, Boatos.org e E-farsas apresentaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um documento com propostas concretas para a reta final do segundo turno das eleições. O grupo solicitou um canal unificado entre a corte e essas iniciativas no sábado e domingo.
“Nesse canal, seriam feitas perguntas objetivas de checagem e entregues respostas igualmente objetivas”, diz o documento.
As agências requereram também que o Tribunal disponibilize especialistas em direito eleitoral e sistemas de votação para esclarecer dúvidas surgidas por conteúdos que circulem sobre o tema. “O grupo considera que este será o principal canal de comunicação com o TSE e que o órgão deve tratá-lo como o principal espaço para combate a notícias falsas no fim de semana do segundo turno das eleições 2018”, pontua o texto.
Outra solicitação constante no documento é a disponibilização de assessores por parte dos Tribunais Regionais para que possam atender às demandas de cada site. As agências querem um banco de dados com o registro oficial das denúncias de problemas no dia de votação em cada TRE, como mau funcionamento de urnas e outros incidentes.
Os representantes dos sites de checagem cobraram das plataformas campanhas de educação com conteúdos ensinando como evitar notícias falsas e checar informações. Por fim, o documento recomenda que o TSE incorpore em suas falas públicas a defesa dos jornalistas. Segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), já houve mais de 130 casos de violência contra profissionais de imprensa nessas eleições.
Críticas ao WhatsApp
Ontem (22) o Conselho Consultivo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre Internet e Eleições se reuniu com redes sociais e agências de checagem para discutir o combate às chamadas notícias falsas. Hoje, duas agências, Aos Fatos e Lupa, divulgaram seus relatos sobre o encontro, nos quais criticaram a conduta da plataforma WhatsApp e relataram ter apresentado um documento com propostas ao TSE.
Em artigo, a Agência Aos Fatos afirmou que o WhatsApp causou “ruído” com as agências de checagem de notícias. Segundo o texto, a representante da rede social, Keyla Maggessy, teria informado como uma das medidas adotadas a parceria com iniciativas de verificação de informações, entre elas a Aos Fatos.
No texto, a agência desmentiu a informação, explicando que mantém apenas um canal de comunicação na plataforma. “Dizer que usar o WhatsApp Business é uma parceria é a mesma coisa que dizer que somos parceiros da empresa de telefonia porque usamos a internet para publicar nossas checagens”, comenta Tai Nalon, diretora do site. O gerente de políticas públicas do WhatsApp, Ben Supple, enviou e-mail após a reunião à agência pedindo desculpas.
Já segundo a Agência Lupa, o WhatsApp “fez declarações que caíram mal entre os jornalistas presentes e se desconectou antes que todos os participantes fizessem suas exposições”. Segundo o texto divulgado pelo site, a representante da plataforma informou que a empresa está atuando na “educação dos usuários”, na “prevenção de abusos” e na oferta de dados a autoridades.
Ainda segundo o relato, a gerente do WhatsApp não soube informar, depois de questionada por um ministro do TSE, se a equipe da plataforma conseguiria identificar operações de disparo em massa de mensagens a grupos e usuários. Ela não teria respondido também à pergunta sobre quantas pessoas da rede social teriam sido designadas para acompanhar a situação brasileira na reta final das eleições.
A negativa foi repetida mais uma vez no caso das sugestões apresentadas pela ONG Safernet, integrante do Conselho Consultivo do TSE. Entre as recomendações estavam a redução do limite de destinatários do encaminhamento de mensagens e da quantidade de grupos dos quais um mesmo usuário pode participar.
Fonte: Agência Brasil