Irene sofreu várias agressões do ex-marido – Reprodução
Lucas Eurilio

O caso de Irene Almeida Chaves é mais um de mulheres que felizmente conseguiram escapar e sobreviver ao feminicídio, em Araguacema, oeste do Tocantins. O crime deixou Araguacema estarrecida e gerou uma grande comoção. Amigos chegaram a fazer uma manifestação pedindo Justiça.

Nesta sexta-feira, 5, o Ministério Público do Tocantins (MPTO) ajuizou uma ação penal contra o ex-marido de Irene, o agressor, Jonas Brito Bukoski, por tentativa de feminicídio e porte ilegal de arma de fogo.

O promotor de Justiça, Rodrigo Vargas fez a denúncia e pediu a prisão de Jonas após a polícia encontrar cinco armas de fogo e várias munições na residência do criminoso.

A vítima sofreu um inferno – literalmente – já no início de 2021, quando por sorte, conseguiu correr para um matagal e atravessar um rio a nado após a tentativa de Jonas de assassina-la em uma lavoura na fazenda onde ele morava com as três filhas do casal.

Irene já havia sofrido outras agressões e em um vídeo emocionante publicado na internet, a vítima detalhou o que passou.

Relembre o caso

Na época, a vítima contou que nas festividades de final de ano, após dizer que estava com saudades da filha, o ex-marido a deixou ir passar o Réveillon com as meninas na fazenda. No domingo 3, dia do aniversário da filha de 8 anos, Irene quase foi morta com tiros na cabeça.

Ele disse que era pra eu ir embora no domingo a noite. Chegando a hora de vir embora eu fiquei triste, não sabia quando ia poder ver milhas filhas, ficar com elas. As meninas estavam deitadas comigo ali assistindo e eu chorando. Ele chegou e gritou – tá pronta? – Dai ele me viu chorando e começou a falar que sempre era aquele drama. As meninas começaram a chorar muito depois disso”.

Irene disse ainda que o que se seguiu nas últimas horas após as meninas irem para seus quartos foi uma luta para tentar sobreviver.

“As meninas foram para os quartos delas e ele começou a me agredir com murros, socos, aí minha filha mais velha veio pra tentar fazer ele parar, aí ele saiu um pouco,, mas voltou e dizia – hoje tu vai morrer – . Pegou uma faca e me colocou dentro da caminhonete. Rodamos a lavoura. Ele rodou, rodou comigo que se hoje me perguntarem onde é, não faço a mínima ideia, se for pra chegar lá, e não sei. Ele mandou eu descer da caminhonete e mandou eu me ajoelhar, pegou a arma, puxou um cartucho e falhou. Botou outro cartucho, puxou o gatilho e falhou de novo. Aí ele botou outro cartulho e no terceiro tiro, eu senti que queimou a minha cabeça. Eu coloquei a mão e vi aquele sangue e saí correndo”

Na gravação é possível ver que Irene está muito abalada e precisou se esconder na casa de uma amiga até o dia 9 de janeiro, quando o vídeo foi publicado. (Veja o vídeo no final da matéria)

“Enquanto eu corria, ele foi atrás de mim e disse que tentou do jeito mais fácil, sem dor, mas que não deu, então, iria ser na faca mesmo, porque estou sem munição. Eu saí correndo e pedindo muito pra Deus me salvar. Pedi pra não deixar eu morrer ali daquele jeito. Eu pensava, Deus,, não me deixa morrer, eu quero ver minhas filhas. Aí eu corri pra uma mata e consegui me esconder. Eu não parava na mata, ficava andando de um lado pro outro. Qualquer barulho eu me assustava pensando que era ele”. 

Como denunciar violência doméstica

Além do número de telefone 180, é possível realizar denúncias de violência contra a mulher pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), responsável pelo serviço. No site está disponível o atendimento por chat e com acessibilidade para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Também é possível receber atendimento pelo Telegram. Basta acessar o aplicativo, digitar na busca “DireitosHumanosBrasil” e mandar mensagem para a equipe da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180.

DISQUE 180 E DENUNCIE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. 

Veja o vídeo de Irene