Registro de uma ave adulta e outra juvenil no ninho encontrado no Tocantins – Foto – Marcelo Barbosa/Naturatins
Um ninho de águia-cinzenta (Urubitinga coronata), espécie classificada como “Em Perigo” de extinção, foi registrado no Tocantins, no município de Marianópolis (180 km a Oeste de Palmas). A ave já havia sido observada em outros municípios, dentre os quais Lagoa da Confusão, Mateiros, Palmas, Miracema do Tocantins, Pium. Porém essa foi a primeira vez que um ninho, com filhote, foi registrado, comprovando que a espécies está se produzindo no Estado.
O registro da localização do ninho da águia-cinzenta foi feito pelo biólogo Guilherme Adams, especializado em herpetologia (estudo de grupos de anfíbios), que reside em Brasília (DF). Em deslocamento pela região da Área de Proteção Ambiental (APA) Ilha do Bananal/Cantão, ele localizou o ninho da águia-cinzenta em um jatobazeiro. Adams registrou um casal alimentando um pequeno filhote.
Em outubro deste ano, o biólogo do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), Marcelo Barbosa, especialista em ornitologia (estudo das aves), se deslocou até o local para comprovar e registrar, por meio de imagens, a descoberta compartilhada por Adams.
“Percorri o entorno do imenso jatobazeiro e constatei a existência de ao menos 16 carcaças de tatupeba (Euphractus sexcinctus) sob o ninho, revelando um importante dado sobre a dieta da espécie na região”, revelou Barbosa.
Em outra visita técnica ao local, no último dia 4, o ornitólogo do Naturatins registrou novamente a presença de um filhote, já crescido e emplumado, junto com os pais, que vigiavam o ninho.
Barbosa visitou também as áreas das fazendas Carreiro e Vitrine, onde o ninho está localizado, para conscientizar e orientar os proprietários sobre a importância da espécie e do ninho. “Os proprietários se mostram receptivos e sensibilizados com a descoberta e se comprometeram a preservar o jatobazeiro”, revelou o ornitólogo.
Conforme Marcelo Barbosa, o próximo passo é planejar novas visitas ao local para registrar a evolução da ave. Ele explicou que o mesmo ninho pode ser usado a cada dois anos, o que gera expectativa de que em 2024 a espécie pode novamente se reproduzir no local.
“Estamos fazendo gestão no sentido de essa descoberta sirva de pontapé inicial para o monitoramento e pesquisas sobre o comportamento e dieta da águia-cinzenta na região da APA”, ressalta o ornitólogo.
Águia-cinzenta
A águia-cinzenta é uma ave da família Accipitridae. Também é conhecida como águia-coroada, águia-tatuzeira, águia-cinza, águia-de-fumaça, águia-queimada, gavião-tatuzeiro, tatuzeira. É uma espécie mencionada no Livro Vermelho de Animais Ameaçados de Extinção. A perda e descaracterização de seu habitat pelo avanço da agropecuária, empreendimentos hidrelétricos e eólicos e o abate indiscriminado são as principais causas de seu status de ameaça, “Em Perigo” de extinção.
É uma ave naturalmente rara, além de ser espécie de porte avantajado, que necessita de presas grandes e significativas áreas para constituir territórios de alimentação e reprodução. Por preferir habitats abertos ou semiflorestados, torna-se alvo fácil de caça, uma vez que é considerado prejudicial à criação de certos animais domésticos. Sobrevoa veredas e matas ciliares do Cerrado. Pousa no alto de buritis, onde emite uma fina voz de alarme.
A águia-cinzenta é uma ave bastante grande e poderosa, atingindo de 75 a 85 centímetros, podendo chegar a 3,5 kg. O adulto apresenta uma plumagem geral cinza-chumbo, tendo penacho em forma de coroa e cauda curta com uma única faixa cinza. Sua alimentação é constituída de mamíferos (gambás, lebres, tatus, ratos silvestres, outras aves e répteis.
Fonte – Ascom Naturatins