O Tocantins é um dos quatro estados com maior incidência de trabalho escravo
no país, conforme levantamento da CPT – Comissão Pastoral do Trabalho. Nos
últimos dez anos, em todo o Estado, mais de 3 mil pessoas foram libertadas de
propriedades em condição análoga à de escravidão, principalmente nas áreas de
áreas da pecuária, carvoaria e lavoura. Para tentar reduzir tais números,
existe no Tocantins a Coetrae-TO – Comissão Estadual para a Erradicação do
Trabalho Escravo, que conta com a participação da DPE-TO – Defensoria Pública
do Estado do Tocantins, e realizou Roda de Conversa sobre o assunto, na manhã
desta quarta-feira, 09, no auditório da DPE-TO em Palmas.
A programação contou com o lançamento dos livros “Entre idas e vindas: no
dinâmicas de migração para o Trabalho Escravo” e “Por debaixo da floresta:
amazônia paraense saqueada com o trabalho escravo”, elaborados pela Comissão
Pastoral da Terra e Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos.
Debate
A Roda de Conversa foi mediada pela defensora pública Isabella Faustino Alves,
que integra a Coetrae-TO, e abordou dados atuais sobre o Trabalho Escravo
Contemporâneo e o conteúdo dos livros. Os debates contaram com a participação
dos autores dos livros, Frei Xavier Plassat e Brígida Rocha, e foram voltados
para a sensibilização e conscientização acerca da erradicação do trabalho
escravo contemporâneo.
Agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT Araguaia-Tocantins) e coordenador da
Campanha Nacional da CPT de Combate ao Trabalho Escravo, Frei Xavier Plassat
explicou que os casos mais frequentes de trabalho escravo no Tocantins estão
especialmente na região Sudeste. Segundo ele, o trabalho escravo se sustenta
em três pilares, a miséria, a impunidade e a ganância. “São pessoas que morrem
por exaustão e fome, que se submetem a trabalhos desumanos. Estamos há mais de
20 anos tentando combater o trabalho escravo, mas o que percebemos é que, por
muitas vezes. O assunto se torna invisível para toda a sociedade”, explicou.
Ele é autor do livro Por Debaixo da Floresta – Amazônia Paraense Saqueada com
Trabalho Escravo, que fala sobre a extração ilegal de madeira na região do Rio
Tapajós.
Assistente social e especialista em Gestão Pública pela Universidade Estadual
do Maranhão (Uema), Brígida Rocha explicou que o seu livro – “Entre Idas e
Vindas” resgata um panorama sobre o trabalho escravo no Tocantins e Maranhão.
“Abordamos o não reconhecimento do trabalho escravo pela sociedade e também a
morosidade da Justiça”, adianta. Segundo ela, o Maranhão, Tocantins, Pará e
Piauí são os estados com os maiores índices de trabalho escravo no País.
Comissão
A defensora pública Isabella Faustino Alves considera que é uma honra para a
Defensoria sediar o debate sobre o trabalho escravo. “A Defensoria tem essa
bandeira como algo muito caro. Essa mazela social atinge, indiscriminadamente,
o público alvo da Defensoria Pública. São pessoas hipossuficientes e de
vulnerabilidade social. Então, essa situação é de suma importância para a
efetiva redução das desigualdades sociais e, sobretudo, de promoção da
dignidade da pessoa humana. A Defensoria se junta a essa luta pela efetiva
erradicação do trabalho escravo”, disse a defensora pública Isabella Faustino
Alves.