Alunos quilombolas em conjunto com vários movimentos estudantis do campus de Arraias da Universidade Federal do Tocantins (UFT), divulgaram uma nota de repúdio contras às declarações afrontosas e desrespeitosas proferidas pelo então prefeito do campus, Luiz Paulo, aos acadêmicos da unidade. Conforme nota, o mesmo disse, sem nenhuma responsabilidade moral, que “qualquer carniça entra na federal”, “quem menos sabe são os que entram” e “se um quilombola for selecionado ganha uma bolsa de aproximadamente R$ 950,00. Alguma coisa em troca? Quero saber! Pura doutrinação lulopetista”, afirmou.
Na nota fica claro o posicionamento dos estudantes em relação às palavras preconceituosas e desrespeitosas do prefeito. De acordo com a o texto essa é uma prática antidemocrática e disseminadora de ódio. O discurso do diretor do Campus ataca diretamente a minoria negra de classe social menos favorecida que em muitos casos depende de auxílio para permanecer na universidade, por fim o discurso elitista do administrador não faz jus às políticas democráticas de inclusão social, conquistadas a duras penas.
Confira a íntegra da nota:
O movimento estudantil da UFT campus Arraias, juntamente com alguns alunos(as) quilombolas, manifesta o seu repúdio às declarações afrontosas e desrespeitosas proferidas pelo então prefeito do campus Luiz Paulo aos acadêmicos desta unidade. O mesmo disse, sem nenhuma responsabilidade moral, que “qualquer carniça entra na federal”, “quem menos sabe são os que entram” e “se um quilombola for selecionado ganha uma bolsa de aproximadamente R$ 950,00. Alguma coisa em troca? Quero saber! Pura doutrinação lulopetista”.
Declarações como essas violam, de maneira lamentável, uma das mais importantes conquistas das lutas estudantis, que é a democratização do acesso às universidades públicas. Além disso, tais declarações penalizam todos os estudantes negros e pobres das nossas universidades, que mesmo estando no ensino superior e tirando notas iguais ou superiores à dos não cotistas, continuam sendo vítimas de preconceito, racismo e discriminação nos campis país a fora.
Com relação específica aos termos proferidos pelo mencionado servidor, no que se refere aos programas de auxílios aos quilombolas, ressaltamos o dever das universidades de garantir a permanência desses estudantes, devendo, inclusive, proporcionar apoio financeiro a esses discentes.
É inadmissível que um servidor desta unidade, em que pese sua liberdade de expressão, fomente, totalitária e reiteradamente, o ódio contra a inclusão das classes menos favorecidas nas universidades públicas . O movimento estudantil deste campus, portanto, firma seu descontentamento na reprodução de afirmações que afrontam políticas de democratização do acesso às universidades públicas, que, como bem sabemos, foram conquistadas mediante a duras lutas.
Defendemos veementemente os direitos conquistados pelos estudantes quilombolas e, por isso, esperamos que a direção desse campus tome ciência do ocorrido e, no final, caso entenda cabível, adote providências para a situação que repudiamos.
– Evandro Moura Dias
– Coordenação Estadual Quilombola do Estado do Tocantins (COEQTO)
– Eliane Pinto Teixeira
– Larissa Fernandes De Santana
– Letícia Fernandes De Santana
– Ocupar UFT Arraias
– Lourivaldo dos Santos Souza Coordenador de Educação (COEQTO)
– Acadêmicos Quilombola do Kalunga do Mimoso
– Atlética Athena
– Hugo Junio F. de Sousa
– Atlética Potência
Alexandra Pinheiro T. Neves
– CATUR – Centro Acadêmico de Turismo.
– Atlética Turística
– Lucas de Jesus da Conceição Alves
-Janilson Soares Rodrigues
– CAMAT – Centro Acadêmico do Curso de Matemática.
-Jeferson Dias dos Santos Acadêmico do Curso de Matemática -CAMAT –
-Divania D. Moreira
A equipe da Gazeta tentou entrar em contato com alguns representantes que assinaram a Nota, bem como com o presidente do Campus, mas até agora não obteve retorno.