Do Quilombo Prata- Maju Cotrim

Lá vem ele devagar. Andando meio abaixado e concentrado mas logo que seu nome é mencionado abre um sorriso de orelha a orelha, sua marca registrada. O quilombola senhor Salomão Rodrigues de Sousa aos 80 anos é um exemplo de tocantinense que sua história se confunde com a da rapadura.

Casado com Dona Maria Francisca de 70 anos eles tem nove filhos. Estão juntos há 59 anos vivendo no jalapão. Na festa da Rapadura deste ano, ele mantém sua tradição de demonstrar na sua fábrica como se faz manualmente.

Outros moradores da comunidade e familiares acompanham atentos a experiência dele. “São umas cinco horas para dar o ponto”, orienta a um dos colaboradores.

O tempo passa mas Salomão mantém a tradição que começou desde criança e que foi ensinada ainda por seu pai: fazer rapadura. Na festa deste ano na comunidade neste sábado, 2, ele relembra como a rapadura faz parte de sua história. “Desde criança que mexo e faço. Para mim é uma satisfação saber que estou produzindo”, disse.

Ele lembrou ainda o saudoso Eudoro Pedrosa que foi um dos que incentivou o fortalecimento desta cultura de fazer a rapadura. “Queremos que essa festa continue porque é um momento importante para a comunidade”, disse.

Festejar a rapadura no quilombo é celebrar as raízes, repassar saberes e é claro também meio de renda para as famílias do quilombo Prata. A Festa voltou este ano após paralisação de dois anos por causa da pandemia.

Foto: Marco Jacob/Gazeta do Cerrado