Com o aumento do uso de redes sociais, temos a impressão que as pessoas estão num momento de total polarização das opiniões – principalmente com relação à política. Mas o argumento de que existem bolhas ideológicas agora está documentado: os algorítmicos das redes sociais nos fazem cada vez mais interagir em um ambiente “seguro” onde nos comunicamos principalmente com pessoas que pensam exatamente como nós – ou seja, estamos esbravejando com pessoas já convertidas à nossa opinião.

Um dos resultados disso é que nossa visão de mundo acaba distorcida e, neste processo, geram uma aparente polarização política. Mas um novo estudo da Universidade de Oxford sugere que as redes sociais e a internet não são a raiz da sociedade fragmentada de hoje e que as “bolhas” podem não representar de forma fiel a realidade. Na verdade, a maioria das pessoas usa vários meios de comunicação e plataformas de redes sociais, o que significa que apenas uma pequena proporção da população, no máximo, é influenciada por essas bolhas ideológicas.

Usando uma amostra de usuários adultos de internet do Reino Unido, pesquisadores do Instituto de Internet da Oxford e da Universidade de Ottawa analisaram a escolha por cada um no meio virtual. A pesquisa envolveu saber o quanto eles influenciaram sua interação dentro das bolhas, contra seis variáveis-chave: gênero, renda, etnia, idade, uso da mídia e interesse político.

As descobertas revelam que, ao invés de encorajar o uso e desenvolvimento das bolhas, a variedade de mídias e redes sociais disponíveis faz com que seja mais fácil para as pessoas se afastarem delas. Isso por que existe ainda a vida real, onde as pessoas confirmam entre si o que viram nas redes.

A pesquisa mostra que os entrevistados usaram uma média de quatro fontes de mídia diferentes e tiveram contas em três diferentes plataformas de mídia social. Quanto mais meios de comunicação as pessoas usavam, mais eles tendiam a evitar as bolhas de pensamento. Ou seja, quanto mais diversa a relação com as redes sociais e com a internet como um todo, menos chance de estar preso aos grupos.

Nós não estamos na Inglaterra, mas essa polarização aparente também acontece por aqui. A pesquisa sugere então que as pessoas menos interessadas em política, acabam sendo mais influenciadas. Assim, um caminho seria buscar informações cada vez de fontes mais variadas em vez de aceitar e acreditar de cara no que aparece em sua time line.

Foto: Hypennes