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Apinajés temem surto de tubercolose após caso confirmado e outro suspeito entre indígenas no Bico

Foto – Divulgação

Equipe Gazeta do Cerrado

Uma nota publicada pela Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà mostra grande preocupação com um possível surto de tuberculose, na Aldeia Prata, em Tocantinópolis, região do Bico do Papagaio. A doença é altamente contagiosa. (Veja nota da íntegra no final da matéria).

Conforme a Associação, na última quarta-feira, 20, o indígena Elias Salvador Apinajé deu entrada na emergência de um hospital particular em Palmas e foi urgentemente encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com sintomas de doença respiratória grave e suspeita de tuberculose. Ele está internado e entubado em estado gravíssimo.

Já no mês de janeiro, a indígena Ivaneide Dias Laranja Apinajé, teve o diagnóstico confirmando a doença por uma equipe de profissionais da região e em seguida, foram solicitados exames para  familiares e quem teve contato com a paciente, entretanto, conforme a Associação, no dia 31 de março foi solicitado urgência, mas os gestores do Polo Base Indígena – PIB/SESAI teriam negligenciado e até o momento os exames laboratoriais não teriam sido realizados.

No dia 17 de fevereiro, o ancião indígena da Aldeia Prata, Quirino Dias Apinajé faleceu após ficar dias internados com os mesmos sintomas de Elias e Ivaneide no Hospital Regional de Tocantinópolis. Segundo a certidão de óbito, as causas da morte foram pneumonia e água no pulmão, mas os indígenas querem que o óbito seja investigado.

Outra reclamação é sobre a situação da estrutura de saneamento básico, que em geral é insuficiente e precária no território Apinajé e na maioria das aldeias não existem banheiros, segundo a Associação.

Em um trecho da nota, o povo Apinajé diz que chegou a ficar um mês sem água tratada por conta de um problema na bomba.

“Em março a comunidade já estava com mais de mês sem água tratada para consumo em razão de falta de manutenção da uma bomba que é responsabilidade do DSEI/SESAI”. 

Nossa equipe entrou em contato com o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI/SESAI) buscando um posicionamento sobre o assunto e aguardamos uma resposta.

O que é tuberculose?

A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch.

A doença afeta prioritariamente os pulmões (forma pulmonar), embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas.

A forma extrapulmonar, que afeta outros órgãos que não o pulmão, ocorre mais frequentemente em pessoas vivendo com HIV, especialmente aquelas com comprometimento imunológico.

Quais são os sintomas da tuberculose?

● Tosse por 3 semanas ou mais
● Febre vespertina
● Sudorese noturna
● Emagrecimento

O principal sintoma da tuberculose pulmonar é a tosse. Essa tosse pode ser seca ou produtiva (com catarro). Recomenda-se que toda pessoa com sintomas respiratórios, ou seja, que apresente tosse por três semanas ou mais, seja investigada para tuberculose.

Caso a pessoa apresente sintomas de tuberculose, é fundamental procurar a unidade de saúde mais próxima da residência para avaliação e realização de exames. Se o resultado for positivo para tuberculose, deve-se iniciar o tratamento o mais rápido possível e segui-lo até o final.

Veja a nota na íntegra

Na última quarta-feira, 20 de abril de 2022 o indígena Elias Salvador Apinajé, que mora na aldeia Prata no município de Tocantinópolis deu entrada na Emergência do Hospital SINAI em Palmas sendo encaminhado para (UTI) Unidade de Terapia Intensiva daquela Unidade hospitalar com sintomas de doença respiratória grave e suspeita de tuberculose. Segundo informações divulgadas pelo Hospital o paciente Elias Salvador Apinajé, encontra se na UTI entubado em estado gravíssimo.

No mês de janeiro de 2022 a indígena Ivaneide Dias Laranja Apinaje também teve o diagnóstico de tuberculose confirmado através de exames e avaliações da Enfermeira e do Médico da Equipe Multidisciplinar que atua na área. Na ocasião a Enfermeira e o Médico fizeram pedidos de exames para todos os familiares e outras pessoas que tiveram contatos próximos com a paciente (Ivaneide). E no dia 31 de março foi solicitado com urgência exames laboratoriais, mas até este momento os gestores do Polo Base Indígena-PBI/SESAI de Tocantinópolis negligenciaram esses casos não realizando exames solicitados pela própria Equipe que atua área.

Esse caso dessa doença respiratória (tuberculose) dessa paciente confirmado na aldeia Prata e também o caso do Elias que se encontra internado em Palmas com sintomas parecidos preocupa a comunidade indígena por vários motivos. Em primeiro lugar pelo alto risco de infecções de muitas pessoas por tuberculose se não forem realizados exames e diagnósticos das pessoas que apresentarem sintomas. E existe o risco de mais pessoas estarem sendo infectadas sem saber.

Ainda pelo fato que no dia 17 de fevereiro desse ano o senhor Quirino Dias Apinajé ancião da aldeia Prata faleceu após ficar internado por alguns dias no Hospital Regional de Augustinópolis com os mesmos sintomas. No caso da morte desse paciente idoso a Certidão de óbito declara que foi “pneumonia” e água nos pulmões, as causas do óbito. Assim é possível suspeitar que a comunidade esteja sendo atingida por um surto de tuberculose. Isso precisa ser investigado pelas autoridades Médicas e sanitárias.

A aldeia Prata está localizada próximo divisa Oeste da terra indígena nas proximidades da rodovia TO-210. Aproximadamente 250 pessoas vivem na comunidade, a maioria crianças e adolescentes. A situação da estrutura de saneamento básico em geral é insuficiente e precária no território Apinajé e na maioria das aldeias não existem banheiros. Além de não dispor de banheiros, a aldeia Prata está localizada à beira do ribeirão em cujas margens existem outras aldeias superpopulosas localizadas acima.

Em março a comunidade já estava com mais de mês sem água tratada para consumo em razão de falta de manutenção da uma bomba que é responsabilidade do DSEI/SESAI. Naquela ocasião a comunidade realizou protestos que resultou na apreensão de uma viatura do PBI para chamar atenção das autoridades sobre essa situação. A viatura foi liberada após a gestão do PBI efetuar reparos e consertos no equipamento.

Diante dessa situação de precariedade sanitária as pessoas que vivem na comunidade nessas condições estão correndo sérios riscos de serem contaminadas ou infectadas também por doenças infeciosas causadas pela água contaminada. Perante essa situação a Equipe Multidisciplinar deve atuar de forma preventiva e qualquer caso de doença que surgir deve ser imediatamente investigado; e os pacientes precisam ser melhores acompanhados, examinados e tratados. Mas, infelizmente verificamos muita demora, lentidão e negligencia dos servidores e colaboradores que atua no PBI de Tocantinópolis. Esse atendimento precisa melhorar.

As constantes trocas de Enfermeiras de áreas por ordens da Chefe do PBI (Responsável Técnica) vem prejudicando os acompanhamentos necessários dos pacientes que necessitam de atenção especial como gestantes, recém nascidos, hipertensos, diabéticos e outros. Existem muitas queixas dos pacientes que se sentem prejudicados e reclamam da demora no atendimentos devido poucos profissionais que atuam. Constatamos ainda a insuficiência do transporte, já que o PBI só dispõe de duas viaturas para atender 64 aldeias, sendo uma viatura para atender casos de emergências, e outra para demandas internas do PBI.

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