Um aplicativo que traduz palavras indígenas para o português e que conquistou o público durante os Jogos Mundiais Indígenas em Palmas em 2015, pode ganhar reconhecimento internacional. É que os pesquisadores responsáveis pela ferramenta fizeram um artigo sobre o projeto. O trabalho será apresentado em março durante um congresso em Paris, organizado pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional e Tecnológico da China.

A expectativa é que o trabalho também seja publicado em uma revista chinesa. Uma conquista para os estudantes e professores da Universidade Federal do Tocantins, responsáveis pelo desenvolvimento do aplicativo.

O analista de sistema Alain Neves Lima, de 28 anos, coautor do artigo, diz que a publicação do trabalho é a porta de entrada para um curso de mestrado. Além disso, “tem um valor social porque contribui com a divulgação da cultura tocantinense”. Agora, ele tenta conseguir recursos para custear a viagem até a França.

O ‘TraduzÍndio’ é capaz de traduzir palavras nas línguas dos povos Xerente e Apinajé para o português. A forma inversa também é possível. Ele foi lançado durante os Jogos Mundiais Indígenas em outubro de 2015, quando povos de 24 países vieram a Palmas. O software abrange 5.504 palavras da língua Apinajé (Apinajé) e 3.692 do idioma Xerente (Akuwen).

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A ferramenta fez sucesso no evento e teve cerca de 1000 downloads. Mas o objetivo do trabalho tem um propósito ainda maior. O doutor em engenharia elétrica, George Lauro Ribeiro de Brito, e orientador do projeto, diz que a intenção do aplicativo é contribuir com a inserção dos indígenas na universidade.

“O aplicativo foi lançado nos jogos, mas foi criado para ajudar na inclusão dos alunos indígenas. Muitos começam a estudar com 11 anos e quando chegam na universidade têm dificuldades com a língua portuguesa. Às vezes não conseguem interpretar textos, entender o professor e reprovam. Nosso objetivo é ajudar no desenvolvimento educacional”, explica.

Agora, os pesquisadores trabalham para deixar a ferramenta ainda mais completa. “O aplicativo tem a tradução de duas línguas indígenas, mas vamos inserir mais duas e assim contemplar todos os povos do Tocantins”, conta Brito.