Lucas Eurilio/Repórter Gazeta do Cerrado
O número de trabalhadores que fizeram denúncias aos Ministérios Públicos do Trabalho (MPT), por coação de patrões para que direcionem o voto para algum candidato, cresceu nos últimos quatro dias no Brasil. Segundo um levantamento realizado pelo GLOBO, nove estados e o DF registraram aproximadamente 110 queixas contra 23 empresas.
O caso mais recente e que gerou polêmica no país, aconteceu na rede de varejo Havan. Um vídeo que viralizou na internet nesta segunda-feira, 1º, mostra Luciano Hang, proprietário da empresa, coagindo os empregados a votarem no candidato Jair Bolsonaro (PSL).
De acordo com o MPT, a atitude do empresário fere não apenas as leis de trabalho, mas também a Constituição. O procurador-geral do MPT, Ronaldo Fleury, disse que em 25 anos de ministério, viu apenas um caso semelhante há oito anos atrás.
Ainda conforme o levantamento do GLOBO, os estados que mais receberam as denúncias ficam no Sul do país. Entre esta segunda, 1º e quinta-feira, 4, foram 60 queixas de sete empresas diferentes.
Já no Paraná, foram 22 denúncias contra cinco empresas. No Rio Grande do Sul, 17, contra oito empresas. Conforme o ministério, os detalhes estão sendo mantidos sob sigilo, para que os empregados sejam resguardados.
A procuradora do MPT de São Paulo, Elisiane dos Santos, disse também que o número de dessas denúncias seria bem maior se os trabalhadores procurassem as autoridades, mas isso não acontece porque muitos têm medo de perder o emprego.
Ela alertou também que os empresários podem ser responsabilizados criminalmente por coação eleitoral.
Empresa pede desculpas
Após toda a repercussão, além da Havan, uma outra empresa de Santa Catarina, a Tabacos Ditália também foi acionada pela Justiça. A empresa que pertence a Gilmar Alba, de 50 anos, teve que assinar um Termo de Ajustes de Conduta (TAC) e teve que se retratar.
O TAC assinado pela empresa, prevê compromissos como não coagir empregados, não realizar pesquisa de voto no local, e não pressionar trabalhadores a se posicionar a favor ou contra algum candidato. Caso o termo não seja cumprido, uma multa de R$ 50 mil pode ter que ser paga.