O Hospital Regional de Dianópolis, na região sudeste do Tocantins, voltou a atender pacientes nesta terça-feira (1º) após passar cinco dias sem médicos. A única médica que presta esse serviço no hospital foi afastada na última semana após testar positivo para coronavírus. Durante quase uma semana, pacientes precisaram percorrer pelo menos 300 quilômetros para conseguir os atendimentos.
“Tivemos vários pacientes graves. Nestes cinco dias foram 15 transferências para o hospital de Porto Nacional, que é a 300 quilômetros daqui, e para Palmas que é a 350 quilômetros. Alguns foram sem equipe de enfermagem acompanhando”, contou uma servidora, que pediu para não ser identificada.
A Secretaria de Estado da Saúde disse que além do profissional destacado para realizar os atendimentos de emergência, está finalizando a contratação de mais dois novos médicos para o hospital. A SES ainda não informou quando estes contratos vão ficar prontos.
Em julho deste ano a unidade também ficou cinco dias sem médicos. A Justiça mandou o Estado contratar mais profissionais. A unidade tem 10 médicos contratados, mas cinco estavam de licença e outros quatro atendiam apenas especialidades. Só que decisão ainda não foi cumprida, segundo o Ministério Público.
Além de atender Dianópolis, o hospital é referência para mais oito cidades da região sudeste do Tocantins:
- Dianópolis – 22.424 moradores
- Taguatinga – 16.825 moradores
- Ponte Alta do Bom Jesus – 4.591 moradores
- Novo Jardim – 2.745 moradores
- Porto Alegre do Tocantins – 3.170 moradores
- Almas – 6.979 moradores
- Taipas do Tocantins – 2.166 moradores
- Rio da Conceição – 2.171 moradores
- Conceição do Tocantins – 4.087 moradores
“É muito triste ver chegar paciente, precisando de atendimento e não ter o médico plantonista. Não consegue falar com o diretor técnico ou com o diretor clínico. […] Nós já tivemos vários problemas em anos anteriores, mas nunca um caos desse. Em um momento de pandemia nós estamos sem médico”, disse a servidora.
Leitos destinados para Covid-19 estariam vazios por falta de médico — Foto: Divulgação
Ainda segundo a servidora, o hospital tem quatro leitos para Covid-19, com respiradores, mas estão vagos porque não há médicos ou equipe para fazer os atendimentos.
No último sábado (29), a Secretaria de Estado da Saúde (SES) afirmou a médica plantonista responsável pelo atendimento no Hospital Regional de Dianópolis testou positivo para Covid-19 na última quinta-feira (27).
Afirmou ainda que estava trabalhando “para a substituição da mesma, com a contratação de dois novos médicos, a fim de garantir a continuidade dos serviços de saúde, sem prejuízo aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) na região”.
Multa diária
A 2ª Promotoria de Justiça de Dianópolis informou que está acompanhando a insuficiência de médicos para o preenchimento integral da escala de plantão do Hospital Regional de Dianópolis.
Segundo o Ministério Público, no último dia 27 foi realizada diligência na unidade hospitalar, quando foi constatado que não havia nenhum médico no momento da inspeção. Também foi entregue ao Ministério Público um ofício, oriundo da direção do hospital, em que se informa a impossibilidade de recebimento de paciente pela ausência de médico.
Como já existe uma liminar, com prazo expirado, determinando ao Estado a regularização da escala de atendimento médico clínico no hospital, o MPE requereu à Justiça que seja executada a multa diária de R$ 5 mil estabelecida na referida liminar na última sexta-feira (28).
Foi solicitado o bloqueio do valor nas contas pessoais do gestor ou, de forma complementar, nas contas públicas do Estado do Tocantins. O dinheiro será usado para custear os possíveis atendimentos de urgência e emergência, internação e realização de procedimento cirúrgico em hospitais particulares acaso não haja médico plantonista no Hospital Regional de Dianópolis
O pedido de execução da multa ainda não foi analisado pela 1ª Vara Cível de Dianópolis.
Fonte: G1 TO