A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que não há “evidências” que justifiquem a alteração da recomendação para uso do imunizante da Pfizer em todos os adolescentes entre 12 e 17 anos.
O posicionamento da Anvisa diverge da decisão anunciada pelo Ministério da Saúde, que pregou cautela e limitou o uso somente aos grupos prioritários (deficiência permanente, comorbidades e privados de liberdade).
A agência afirma que investiga a morte de uma adolescente de 16 anos que foi vacinado com a Pfizer. A Anvisa foi informada de que a paciente apresentou uma reação adversa grave após receber a primeira dose contra a Covid-19.
“Entretanto, com os dados disponíveis até o momento, não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações nas condições aprovadas para a vacina. (…) Até o momento, os achados apontam para a manutenção da relação benefício versus risco para todas as vacinas, ou seja, os benefícios da vacinação excedem significativamente os seus potenciais riscos., informou a Anvisa.
Segundo a Anvisa, os dados recebidos “ainda são preliminares e necessitam de aprofundamento para confirmar ou descartar a relação causal com a vacina”.
Diferença entre decisões
A decisão do Ministério da Saúde sobre os adolescentes é diferente da tomada em maio sobre o uso da AstraZeneca em gestantes.
Naquela ocasião, foi a Anvisa que recomendou a suspensão da aplicação da vacina AstraZeneca em grávidas.
Um dia depois, o Ministério da Saúde acatou a indicação, ligada à investigação sobre morte de uma gestante, e autorizou apenas a CoronaVac ou a vacina da Pfizer para aquele público.
À época, a decisão da Anvisa e do ministério teve apoio de especialistas. No caso da decisão sobre os adolescentes, a crítica foi unânime e até mesmo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) anunciaram “profundo lamento”.
Caso sob investigação
A morte da jovem de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, ocorreu em 2 de setembro e também está sendo analisada pelo Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo.
A paciente tomou a primeira dose contra a Covid oito dias antes da morte. O protocolo, nesses casos, é que haja uma apuração para entender se a aplicação teve ou não relação com a reação adversa. Até o momento, segundo as autoridades sanitárias, não há nenhuma comprovação nesse sentido.
O que se sabe sobre o caso:
Quando a adolescente tomou a vacina?
Em 25 de agosto, a adolescente de 16 anos recebeu a primeira dose do imunizante da Pfizer em São Bernardo do Campo.
Quando ela começou a sentir sintomas e quais foram eles?
Em 26 de agosto, ela começou a sentir cansaço e falta de ar, segundo informações da Rede Cievs (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de São Paulo). No dia seguinte, procurou atendimento médico e voltou para casa. Depois, como não apresentou melhora, novamente foi ao Hospital Coração de Jesus, em Santo André. De lá, foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital e Maternidade Vida’s, em São Paulo, após um mal súbito. Em 2 de setembro, ela não resistiu e morreu.
Quem está responsável pela investigação do caso?
A Rede Cievs está fazendo o levantamento do caso, e vai avaliar a evolução clínica por meio do prontuário médico da adolescente; também será feita uma investigação e discussão técnica para analisar a causa da morte.
Em nota, o governo do estado de São Paulo diz ser “irresponsável a disseminação de qualquer informação que traga medo e insegurança aos adolescentes e familiares” e ressalta que não há comprovação, até o momento, sobre uma eventual relação entre a vacina e o óbito.