Ao todo, 13 hospitais de seis regiões do Tocantins estão com a coleta de lixo interrompida. O problema acontece porque o governo suspendeu o contrato com a empresa Sancil Sanantonio Construtora e Incorporadora LTDA. Um dos sócios da empresa é o advogado e ex-juiz eleitoral, João Olinto Garcia de Oliveira. Ele seria o responsável por fazer o descarte irregular dos resíduos hospitalares em um galpão de Araguaína. Por causa disso, teve a prisão decretada, mas é considerado foragido.
O termo de paralisação dos serviços foi publicado no Diário Oficial do Tocantins desta segunda-feira e afeta seis regiões do estado. Veja a lista abaixo:
- Bico do Papagaio – Hospital Regional de Augustinópolis
- Médio Norte Araguaia – Hospital de Referência de Xambioá e Hospital de Referência de Araguaína
- Cerrado Tocantins Araguaia – Hospital Regional de Pedro Afonso, Hospital Regional de Guaraí e Hospital Regional de Arapoema
- Amor Perfeito – Hospital Regional de Porto Nacional e Hospital Regional Materno-Infantil em Porto Nacional
- Ilha do Bananal – Hospital Regional de Alvorada, Hospital Regional de Araguaçu e Hospital Referência de Gurupi
- Sudeste – Hospital Regional de Arraias e Hospital Referência de Dianópolis
Em relação a Araguaína, o governo informou que o lixo será recolhido de forma pontual pela prefeitura da cidade.
Em entrevista, o governador Mauro Carlesse disse que o governo não tinha conhecimento de que o lixo estava sendo descartado de forma irregular. “A responsabilidade da porta para fora já não é mais do governo. Eu espero mudar agora os procedimentos, eu quero ir até onde vai ser colocado esse lixo, de que mandeira vai ser colocado. Para mim, foi muito chato, eu não gostaria de ter isso acontecendo no nosso estado”.
Apenas cinco hospitais da região central do estado não eram atendidos pela empresa: o Hospital Geral de Palmas, Hospital Infantil de Palmas, Hospital e Maternidade Dona Regina, Hospital Regional de Miracema e Hospital Regional de Paraíso do Tocantins.
A empresa foi contratada sem licitação em agosto desse ano para coletar o lixo nas unidades e recebia, por mês, mais de R$ 500 mil. Além de João Olinto, outras duas sócias da empresa Sancil, Ludmila Andrade de Paula e Waldireny de Souza Martins, tiveram as prisões decretadas.
A polêmica teve início na semana passada, quando um galpão com cerca de 200 toneladas de lixo hospitalar foi encontrado no Distrito Agroindustrial de Araguaína. O galpão pertenceria ao deputado estadual Olynto Neto e filho do ex-juiz eleitoral, segundo a Polícia Civil. No local deveria funcionar uma fábrica de farinha, mas a estrutura está oficialmente desativada há pelo menos dez anos.
O delegado informou que o lixo encontrado no depósito clandestino pode ter saído de vários hospitais públicos do estado. Segundo a Polícia Civil, foram encontrados materiais ligados aos hospitais de Gurupi, Porto Nacional e Araguaína.
Nesta segunda-feira, dois caminhões que fariam o transporte dos resíduos foram encontrados em Araguaína, um deles estava abandonado em um posto de combustível. Segundo o delegado Romeu Fernandes, foram localizados documentos da empresa responsável pelo veículo no escritório e João Olinto.
O outro foi localizado dentro do terreno do hotel de João Olinto. O veículo estava no nome da empresa Agromaster S/A, também registrada no nome do deputado estadual Olyntho.
Outro lado
O governo informou que está na reta final do processo licitatório para contratação definitiva do serviço de recolhimento de resíduos das unidades hospitalares. “A atual gestão identificou a necessidade de realizar uma contratação em caráter emergencial para continuidade dos serviços, assim que a licitação for finalizada o contrato emergencial será encerrado e a empresa vencedora dará seguimento aos serviços no hospital.”
A equipe entrou em contato com a assessoria do deputado Olyntho Neto, mas não houve reposta. Foram feitas tentativas de contato com João Olinto e com as demais sócias da empresa Sancil Sanantonio Construtora e Incorporadora LTDA, Ludmila Andrade de Paula e Waldireny de Souza Martins, mas sem sucesso. O número que constata no cadastro da empresa é inexistente.
No hotel da família Olinto, os funcionários não souberam dar informações sobre o proprietário.
Fonte: G1 Tocantins