A Associação dos Produtores Rurais do Sudoeste do Tocantins, conversou com o Reitor da Universidade Federal do Tocantins sobre a adoção de métodos agrícolas seguros e eficientes

 

 

Historicamente, o fogo era amplamente utilizado para abrir ou limpar áreas e preparar o solo para o plantio ou revitalizar pastagens. Um exemplo é a coivara, técnica antiga praticada por comunidades quilombolas, indígenas, caiçaras e ribeirinhas, em função da inexistência de equipamentos mecanizados. Contudo, essa prática hoje é restrita à limpeza de resíduos amontoados em meiras, após a abertura mecanizada de novas áreas, com autorização dos órgãos ambientais e os devidos cuidados.

 

O uso indiscriminado do fogo traz sérias consequências, incluindo a degradação do solo, a perda de biodiversidade, além do risco da ocorrência de incêndios florestais devastadores. Diante desse cenário, especialistas e produtores tocantinenses estão se tornando cada vez mais conscientes da necessidade de adotar práticas de manejo sustentável, buscando alternativas que minimizem os riscos associados ao uso do fogo e promovam a conservação ambiental.

 

 

Os incêndios em propriedades rurais são uma preocupação constante para os produtores, que enfrentam prejuízos não apenas imediatos, mas também a médio e longo prazo. Eduardo Bovolato, reitor da Universidade Federal do Tocantins e produtor rural, enfatiza que “os incêndios trazem uma série de prejuízos, desde a queima de cercas, currais e equipamentos até a destruição de pastagens e palhadas, essenciais para a pecuária e a agricultura.”

 

A perda imediata da capacidade produtiva é imensa. Os produtores se veem obrigados a realocar seus animais ou a suprir sua alimentação com ração e outros insumos, o que gera um impacto financeiro significativo. Além disso, a recuperação do solo após um incêndio é um processo lento e custoso. “A recuperação da área queimada exige tempo e investimento, o que representa um desafio ainda maior para o produtor rural”, acrescenta Bovolato.

 

Nesse contexto, a UFT desempenha um papel fundamental ao promover boas práticas agrícolas por meio de seus cursos nas ciências agrárias. A universidade não só educa futuros profissionais, mas também realiza ações específicas de monitoramento e estudo sobre o comportamento dos incêndios florestais e suas consequências para o meio ambiente. “Um exemplo é o trabalho do Cemaf, vinculado ao campus de Gurupi e coordenado pelo professor Dr. Marcos Giongo, que se dedica ao mapeamento de focos de incêndio e à análise de suas implicações”, comenta o reitor.

 

 

O presidente da Aproest, Wagno Milhomem, acrescenta ainda que os produtores rurais da Lagoa da Confusão–TO e região estão empenhados em combater e prevenir incêndios florestais, além disso, destaca as práticas sociais, econômicas e sustentáveis. “Algumas correntes ideológicas ou mesmo por desinformação vem prestando informações de que produtores rurais são os maiores responsáveis por desmatamentos ilegais, contaminação do solo por agrotóxicos e queimadas ilegais, o que é um grande absurdo, pois eles são os maiores interessados em manter a qualidade do solo e da água para manejos seguros e sustentáveis, pois isso reduz o custo para o produtor”, diz.