Uma recente pesquisa da Universidade de Salford, em Manchester, feita com estudantes do ensino fundamental, mostrou que condições estruturais adequadas nas escolas melhoram em até 16% o rendimento dos alunos. Segundo o arquiteto Sebastião Lopes, sócio do escritório Arqsol e especialista em projetos educacionais, o espaço influencia não só no desenvolvimento e aprendizado, mas até na saúde física das crianças.
Um dos itens mais importantes na hora de escolher a escola é analisar as dimensões do terreno. “Espaço reduzido estressa mais rapidamente tanto alunos quanto professores”, explica Sebastião. A indicação é que uma escola dedicada apenas ao ensino infantil, ou ensino fundamental I, ou ensino fundamental II, ou ensino médio, tenha área mínima de 3.000 m². Já no caso de colégio maiores, que recebam as quatro categorias, o ideal é um espaço de 12.000 m².
Atenção especial deve ser dada às salas de aula. Afinal, é onde os alunos passam a maior parte do tempo. “Elas devem ser bem ventiladas, iluminadas e com cores claras, o que ajuda a evitar problemas futuros como de visão, por exemplo”, explica Sebastião.
Segundo um estudo da California Energy Commission, principal agência de planejamento e política de energia do governo da Califórnia, a iluminação natural e a ventilação cruzada permanente aumentam em 30% o índice de aprendizagem do aluno. Por isso, os prédios devem ser construídos de forma a aproveitar o vento da região, permitindo que o ar entre e circule livremente nos ambientes. “Além de manter uma sensação térmica agradável, sem a necessidade do uso de ar-condicionado, o ar da madrugada pleno de oxigênio elimina fungos e bactérias”, acrescenta o arquiteto. Um pé-direito alto também faz com que o espaço pareça maior e melhora a circulação do ar.
Já na área externa, vale reparar se há espaços esportivos cobertos e descobertos. É importante que o aluno tenha contato com a natureza, mas também que não fique sem as atividades físicas em caso de mau tempo. Sebastião lembra que até as plantas merecem atenção dos pais. “Já pensou se uma criança come uma flor venenosa?”, questiona.
Outro ponto importante a ser considerado é a localização da escola. Analise se ela fica distante de vias de tráfego intenso. Assim, será mais fácil para deixar as crianças e buscá-las. Vale também reparar se há área coberta de embarque e desembarque, e se tem estacionamento. “Muita gente esquece desses detalhes. Aí um dia tem que entrar na escola por qualquer motivo, e não tem onde deixar o carro”, completa.
Por isso, a busca por escolas exige ir além da metodologia. O espaço deve oferecer uma estrutura adequada para o bem-estar dos alunos, professores, funcionários e pais. É importante que o prédio adote ainda estratégias bioclimáticas, formatos geométricos ao invés de quinas pontiagudas, e itens que possam ser usados para acrescentar conhecimento à criança.
Para ajudar a avaliar a escola escolhida, confira o seguinte check-list abaixo com os itens de infraestrutura e arquitetura escolar indispensáveis:
1 Seguir as normas NBR 9077/2001 e NBR 9050/2015, da ABNT. A primeira estabelece padrões de segurança contra incêndio em escadas de saída de emergência. E a segunda refere-se à acessibilidade.
2 Ter conforto térmico, acústico e visual.
3 Ter as seguintes dimensões: salas para a educação infantil devem ter no mínimo 1,5 m² por criança, as salas do ensino fundamental 1 m² por aluno, salas para o ensino fundamental II e ensino médio 1,2 m² por estudante.
4 Ter recreio coberto com pilares redondos e quinas arredondadas.
5 Não ter plantas ornamentais tóxicas e agressivas.
6 Não ter muros nas divisas com cacos de vidro, arame farpado, cercas elétricas, chapisco e extremidades pontiagudas nas grades.
7 Ter quadras de esporte cobertas e descobertas.
8 Ter salas ventiladas, arejadas, com iluminação e ventilação naturais, além de cores claras.
9 Ter pé-direito alto com no mínimo 3,5 m².
10 Ter embarque e desembarque coberto para chegada e saída dos alunos, e ter estacionamento.