O últumo vereador de Agustinópolis, suspeito de participar de um esquema de cobrança de propina para aprovação de projetos enviados para a Prefeitura da cidade, se entregou à polícia na tarde desta terça-feira, 29, em Paraíso do Tocantins, região central do Estado. Ele e outros parlamentares são investigados na Operação Perfídia, da Polícia Civil do Tocantins.

A prisão preventiva de todos os vereadores supostamente envolvidos no esquema, havia sido decretada e apenas Antônio José Queiroz dos Santos (PSB) estava foragido.

Segundo a investigação, a suspeita é de que os envolvidos recebiam cerca de R$ 40 mil por mês. Conforme o delegado responsável pelo caso, Santos foi encaminhado para a Casa de Prisão Provisória de Paraíso do Tocantins onde está preso preventivamente.

O vereador deve prestar depoimento dentro de alguns dias, mas a data exata ainda não foi divulgada. Uma decisão para saber se ele será transferido para Augustinópolis está sendo analisada.

Entenda o caso

Um dos dez parlamentares de Augustinópolis que tiveram prisão decretada durante a operação Perfídia continua foragido. O vereador Antônio José Queiroz dos Santos (PSB) é um dos suspeitos de envolvimento na cobrança de propina para aprovar projetos enviados pela prefeitura.

Um cartaz de procurado foi divulgado na internet e o assunto é o mais comentado na cidade. Na sexta-feira, 25, nove vereadores foram presos. Duas vereadoras estão detidas no presídio feminino de Babaçulândia e os demais continuam presos na Cadeia Pública de Augustinópolis.

A Polícia Civil não descarta a possibilidade de pedir prorrogação da prisão temporária, que termina nesta terça-feira, 29. O esquema teria desviado R$ 1,5 milhão em três anos.

“Se houver necessidade será realizado o pedido junto ao poder judiciário para eventual prorrogação dela [da prisão temporária] e, inclusive, se tiver necessidade a decretação da prisão preventiva”, disse o delegado Jacson Wutke, responsável pelas investigações.

Escutas telefônicas feitas com autorização da justiça revelam como o esquema funcionava. Em uma das ligações, um dos vereadores fala sobre o impasse para definir os valores das propinas.

Paulo [secretário]: Aí, fecharam nos cinco?
Antônio Feitosa: Nam! A embromação tá é nessa, mestre.
Paulo [secretário]: Ram?!
Antônio Feitosa: Tô te falando.
Paulo [secretário]: Oxente
Antônio Feitosa: Nam, não quer fechar nos cinco não.
Paulo [secretário]: Quer não?
Antônio Feitosa: A briga lá é pelos oito, mestre.

Os mandados de prisão foram pedidos para dez dos 11 vereadores da cidade, além disso foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão.

O secretário da administração e um servidor público foram intimados para prestar depoimento. Porém, eles são tratados como testemunhas pela Polícia Civil.

O presidente da câmara, Cícero Cruz Moutinho, é o único que não é investigado. Entretanto, em uma conversa interceptada ele demonstra saber do esquema.

Cícero Moutinho: Ângela, olha, esse negócio que o prefeito passa pra vocês Ângela, agora vai cortar Ângela. Tô sabendo de tudin. tá entendendo?
Ângela Maria: urrum.
Cícero Moutinho: vai cortar depois de janeiro. Tu vai ver Ângela, se ele vai fazer, ajudar alguém em alguma coisa.
Ângela Maria: pois é.

Os vereadores com mandado de prisão decretado são:

  • Maria Luisa de Jesus do Nascimento (PP)
  • Antônio Silva Feitosa (PTB)
  • Antônio Barbosa Sousa (SD)
  • Antônio José Queiroz dos Santos (PSB) – Foragido
  • Edvan Neves Conceição (MDB)
  • Ozeas Gomes Teixeira (PR)
  • Francinildo Lopes Soares (PSDB)
  • Angela Maria Silva Araújo de Oliveira (PSDB)
  • Marcos Pereira de Alencar (PRB)
  • Wagner Mariano Uchôa Lima (MDB)

 

*Com informações do G1 Tocantins