O BBB22, iniciado na segunda-feira, 17, trouxe uma “polêmica” já nas primeiras horas de convivência dos participantes do programa. Nascidos em regiões diferentes do país, eles discordaram ao tentar definir qual o nome “correto” entre mandioca, macaxeira ou aipim. Conforme especialistas, as três palavras são igualmente válidas.

“Como é que chama isso aqui na cidade de vocês?”, perguntou o cearense Vinicius segurando o alimento, que é um tubérculo (ou raiz tuberina). Quando outros participantes da edição deste ano do Big Brother Brasil responderam que o chamavam de aipim, a paraibana Eslovênia, que mora em Pernambuco, rebateu: “É macaxeira, minha gente!”.

Participantes do BBB 22 discordam sobre nome 'correto' entre macaxeira, aipim e mandioca — Foto: Reprodução/TV Globo

Participantes do BBB 22 discordam sobre nome ‘correto’ entre macaxeira, aipim e mandioca — Foto: Reprodução/TV Globo

O uso da palavra “macaxeira” é mais comum no Nordeste, enquanto o termo “aipim” é mais utilizado pelo Sudeste, e “mandioca” é usado com mais frequência no Sul, de acordo com a professora de redação Fernanda Bérgamo, que participa do Projeto Educação, da TV Globo, e é colunista da rádio CBN Recife.

“Isso tem a ver com a questão do regionalismo, com a característica de cada região. Essa variedade linguística é o que encanta na língua portuguesa, pois a gente vive em um país de dimensões continentais. O mais legal é que isso mostra que quem determina o uso da língua, de um termo ou de outro, é o seu usuário”, afirmou Fernanda.

A professora considera importante o programa mostrar as diferenças que marcam a língua portuguesa falada no Brasil.

“Como o Big Brother Brasil é um assunto nacional, ter esse tipo de discussão no programa é muito interessante porque é uma forma de combater a comunicação violenta e o preconceito linguístico, pois leva as pessoas a refletirem que as diferenças não necessariamente precisam provocar desentendimentos ou rejeições”, disse.

 

Vários nomes, mesma raiz

 

Macaxeira é consumida e chamada de formas diferentes no Brasil — Foto: Álvaro Gonçalves/Acervo pessoal

Macaxeira é consumida e chamada de formas diferentes no Brasil — Foto: Álvaro Gonçalves/Acervo pessoal

Embora seja conhecida como mandioca, aipim ou macaxeira, a depender da região do Brasil, o nome científico dessa espécie é um só: Manihot esculenta. Essa é uma planta nativa da América do Sul, de acordo com Álvaro Gonçalves, coordenador do Departamento de Agronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

“É uma planta nativa nossa. O Brasil é um dos centros de origem da mandioca, que já era uma cultivada aqui pelos índios antes da chegada dos europeus. Atualmente, os principais produtores são países africanos, sobretudo a Nigéria, mas o Brasil é um dos três maiores produtores mundiais”, afirmou o professor.

Além da diferença de nomenclatura, ela é consumida de formas distintas no Brasil, segundo Álvaro.

“No Nordeste, a gente costuma consumi-la cozida ou na forma de farinha. No Sudeste e no Sul, não tem o consumo em forma de farinha, ela é mais consumida como caldo ou frita. O importante é que essa raiz é fonte de energia e serve como reposição energética, pois é rica em amido”, explicou.

 

O pesquisador também contou que existem dois grupos de macaxeira: a mansa, com tempo de cultivo entre 5 e 7 meses, e a brava, que pode ser colhida entre 10 e 16 meses após o plantio.

Duração do plantio muda conforme os dois tipos de mandioca: mansa ou brava — Foto: Álvaro Gonçalves/Acervo pessoal

Duração do plantio muda conforme os dois tipos de mandioca: mansa ou brava — Foto: Álvaro Gonçalves/Acervo pessoal

“A mandioca de mesa é a mansa, aquela que a gente consome in natura. E a brava é aquela que vai ser destinada ao processamento, à industrialização para confeccionar polvilho, farinha, goma”, disse.

A diferença entre os dois grupos está no nível de ácido cianídrico (HCN) presente na raiz: se for abaixo de 50 mg/kg ou ppm (partes por milhão), a mandioca é mansa; se a quantidade for acima disso, a macaxeira é brava.

“Esse ácido se degrada em altas temperaturas. Por isso, a mandioca brava precisa ser torrada, submetida a altas temperaturas, para ser consumida”, afirmou Álvaro.

Fonte: G1