Pedro Caldas – Foto – Arquivo Pessoal

Números preliminares da Comissão Intersetorial de Gestão de Dados e Informações do PVT (Programa Trânsito pela Vida), ligada à Prefeitura de Palmas, mostram que as ocorrências envolvendo o consumo de bebidas alcoólicas no trânsito da Capital Tocantinense mataram 43 pessoas de 2017 a 2019.

A quantidade corresponde a 30% das 141 mortes no trânsito apuradas no período. Os registros levam em conta apenas o perímetro urbano de Palmas.

No Brasil, a legislação prevê tolerância zero para quem bebe e dirige. Assim, o motorista que causar uma ocorrência sob a influência de álcool é processado criminalmente.

Conforme levantamento de PVT de outras cidades do país, como São Paulo, o risco de uma ocorrência ser fatal por um condutor (a) estar embriagado (a) aumenta pelo menos três vezes na comparação com um (a) motorista sóbrio.

Mortes por ano e Caso Pedro Caldas

Foto – Divulgação

Dos três anos com dados preliminares fechados pela Comissão do PVT, o de 2018 foi o mais mortal, com 55 mortes no trânsito palmense, das quais 18 (33%) envolveram bebida alcoólica. O ano anterior, 2017, teve 38 ocorrências fatais de trânsito na Capital, sendo 12 (32%) com presença de bebida com álcool. Já 2019 alcançou 49 óbitos no trânsito, 13 (27%) envolvendo consumo de etílicos.

Um dos óbitos desse triênio é Pedro Caldas. Pai de três filhos, médico especializado em reprodução humana e triatleta, Pedro Caldas morreu aos 40 anos em dezembro de 2017 após ser atropelado por Iolanda Costa Fregonesi, hoje com 25 anos, enquanto treinava na Marginal Leste. Conforme a conclusão do inquérito policial do caso e a denúncia do MPE (Ministério Público Estadual) recebida pela Justiça, Iolanda estava alcoolizada e não tinha sequer Carteira de Habilitação. Ela se negou a fazer teste do bafômetro, foi detida no momento, mas acabou liberada após pagar fiança de R$ 3 mil. Ela será julgada por homicídio doloso (com a intenção de matar), em Júri marcado para o dia 14 de março.

Carta pede que Iolanda cumpra pacto civilizatório

Na noite desta terça-feira, 22 de fevereiro, o pai de Pedro Caldas, Luciano Caldas, publicou em suas redes sociais uma extensa carta à Iolanda.

Na missiva, Luciano Caldas afirma saber que a ré não é uma pessoa má e destaca nunca ter se dirigido a ela como assassina. No entanto, frisa que a jovem matou o seu filho. “E quanto a isto, não temos dúvida, pois você matou o meu filho! Isso é um fato”, destaca.

Luciano lembra que Iolanda já havia se envolvido em outra ocorrência, também dirigindo sem habilitação e após beber, antes de atropelar Pedro Caldas, na qual deixou uma mulher bastante ferida e mesmo assim voltou a repetir o erro.

Foto – Divulgação

“Não queremos vingança. Jamais! Não, nós somos educativos e queremos que você entenda que a punição, a ser imposta por meio do processo legal, é o único meio de uma sociedade evoluir, pois punindo evita-se a repetição da transgressão irresponsável, sejam daqueles de dezoito anos ou de setenta anos, inconsequentes que perpetuam um comportamento transgressor sem fim. Assim é e precisa ser a vida em sociedade, sem impunidade e sem o interesse individual passando por cima do coletivo”, frisa Luciano Caldas, ao destacar a importância de Iolanda assumir o pacto civilizatório, assumindo sua culpa e pagando pelos seus erros.

No final, Luciano ainda mostra humanidade e diz querer Iolanda restabelecida à sociedade após cumprir sua pena, inclusive conhecendo os três filhos de Pedro que perderam o pai na ocorrência. “Quero você de volta à civilização, após você cumprir sua pena. E se algum dia nos encontrarmos em uma rua qualquer de Palmas, que você possa me dizer, olho no olho: paguei pelos meus erros e gostaria de poder abraçar Lara, Liz e Caio. Com certeza eles estarão abertos para esse abraço final”, encerra.

Leia a carta de Luciano Caldas à Iolanda Fregonesi na íntegra aqui