Ana Negreiros 

A saída do ex-ministro Sergio Moro colocou o Brasil em um verdadeiro novelão mexicano, que foi apimentado na tarde de hoje, 24 abril, com a tão esperada coletiva “para restabelecer a verdade”, e que na verdade foi um pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em primeira pessoa do singular e carregado de queixas, mágoas e acusações.

Sem máscaras e com seu grupo de ministros e apoiadores próximos, Bolsonaro fez um discurso longo, que misturou temas e se perdeu (tanto nos tempos verbais, como nas histórias). A prova do pedido de demissão, não foi apresentada e tudo ficou no disse me disse, dentre eles o fato de que “mais de uma vez, o senhor Sergio Moro disse para mim: Você pode trocar o Valeixo sim, mas em novembro, depois que você me indicar para o Supremo Tribunal Federal”, acusou o presidente falando sobre o ex-diretor-geral da Polícia Federal, Mauricio Valeixo e continuou. “É desmoralizante para um presidente ouvir isso. Mais, ainda, externalizar”.

Sua mágoa ficou evidente ao tratar da investigação de quem matou Marielle Franco. Segundo o presidente, a Polícia Federal “Se preocupou mais com quem matou Marielle do que quem tentou matar Bolsonaro”.

O presidente em seu monólogo (coletiva é quando há perguntas), declarou que não tem de pedir autorização a ninguém para trocar algum ocupante de cargo no Poder Executivo. E falou sim, ele quer um “relatório diário das atividades da Polícia Federal para poder tomar decisões de governo” e deixou claro que tem de outras forças de segurança.

Em relação a Moro, o presidente disse ainda que se ele quer “ter independência e autoridade” deve se candidatar.

Chamou mais atenção ainda a seguinte fala do presidente: “sabia que não seria fácil. Uma coisa é você admirar uma pessoa. A outra é conviver com ela, trabalhar com ela. Hoje pela manhã, por coincidência, tomando café com alguns parlamentares eu lhes disse: Hoje, vocês conhecerão aquela pessoa que tem compromisso consigo próprio, com seu ego e não com o Brasil”, reforçou o presidente quase fazendo uma analogia com a história de Judas.

O ex-ministro Ségio Moro já escreveu em uma rede social, que: “a permanência do Diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a substituição do Diretor Geral da PF”.

 

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