O Brasil tem 50 milhões de hectares disponíveis para o reflorestamento em locais que não estão cobertos nem por zonas urbanas, nem por florestas, nem pela agricultura. Essa área – semelhante ao tamanho de toda a Espanha – é formada por terras degradadas, seja devido ao desmatamento, ou pelo abandono após a agricultura, e poderia receber mudas de árvores para ajudar a mitigar o aquecimento global, segundo um estudo publicado na revista “Science” desta sexta-feira (5).
Em todo o mundo, a área disponível para o reflorestamento soma 0,9 bilhão de hectare. Neste espaço caberia 1,2 trilhão de novas mudas. Elas seriam capazes de absorver 205 gigatoneladas de carbono, segundo os pesquisadores – um pouco abaixo das 300 gigatoneladas já emitidas pela humanidade desde 1800.
Segundo a pesquisa, mais da metade da área disponível está concentrada em seis grandes países: Rússia, com 151 milhões de hectares para o reflorestamento; Estados Unidos (103 milhões); Canadá (78 milhões); Austrália (58 milhões), Brasil (50 milhões) e China (40 milhões).
Um dos autores do estudo, o geógrafo e ecólogo Jean-François Bastin, faz uma ressalva em relação à área do Brasil: o estudo não eliminou as áreas de pastagem dedicadas aos rebanhos do país.
Árvores contra o aquecimento
Os pesquisadores partiram da premissa de que o reflorestamento é uma das estratégias mais efetivas contra o aquecimento global, já que no processo de fotossíntese as árvores absorvem o CO2 emitido pela queima de combustíveis fósseis.
Eles queriam, então, descobrir onde havia área disponível para isso.
De acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), seria necessário 1 bilhão de novos hectares de floresta para o planeta restringir o aquecimento global a 1,5°C até 2050. Caso nenhuma medida seja adotada, esta barreira climática deverá ser ultrapassada entre 2030 e 2052.
Os pesquisadores se basearam em imagens de satélite para mapear os locais onde já havia concentrações urbanas, agricultura e florestas. Excluindo estas áreas, chegaram aos locais com potencial de reflorestamento, de acordo com as características do solo e do clima.
“Este trabalho captura a magnitude do que as florestas podem fazer por nós”, diz à revista “Science” o ecologista Greg Asner, da Universidade Estadual do Arizona, em Tempe, que não esteve envolvido na pesquisa. “Eles precisam desempenhar um papel se a humanidade quiser alcançar nossas metas de mitigação climática.”
Além da captura de carbono, as florestas também trazem maior biodiversidade e redução da erosão.