Tudo bem que as agulhas para aplicação de insulina são de pequeno calibre, mas ninguém gosta de levar picadinhas, por pequenas que sejam. Pois, quem padece de diabetes e precisa fazer uso diário do medicamento aqui no Brasil em breve poderá se livrar das injeções e fazer uso de uma opção mais confortável, de fácil manipulação e mais eficaz de se medicar.
Combate
A Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – liberou a comercialização e consumo da insulina inalável, medicamento que oferece vantagens sobre a apresentação tradicional injetável. Isso porque, enquanto as aplicações podem levar até 1 hora para começar a fazer efeito, o medicamento inalável entra em ação em apenas 10 minutos. E não é só isso: o efeito da forma inalável também é mais curto do que o da injetável, permanecendo no organismo por até 1h30, contra até 5 horas da apresentação tradicional.
Qual é a vantagem de se ter um intervalo de ação mais rápido e curto? Segundo explicou o médico e pesquisador Freddy Goldberg Eliaschewitz, Diretor Clínico do Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital Israelita Albert Einstein, quando um paciente aplica a insulina muito próximo de iniciar uma refeição, o medicamento acaba demorando para fazer efeito – ou nem sequer tem tempo de começar a agir antes de a pessoa terminar de comer –, o que pode causar uma elevação os níveis de glicose.
Além disso, quando a ação da insulina leva muito para passar, o paciente pode sofrer uma queda nos índices de açúcar, uma vez que o medicamento continua agindo mesmo depois de o organismo ter absorvido os alimentos.
A insulina, aliás, é um hormônio liberado pelo pâncreas e que mantém os níveis de açúcar no sangue em equilíbrio. Assim, quando uma pessoa não consegue produzir essa substância ou quando o seu organismo não é capaz de empregá-la de forma eficiente, é feito o diagnóstico de diabetes e se faz necessário o uso de insulina sintética para normalizar os índices de glicose.
É vital que os afetados façam tratamento, mas o problema é que a avassaladora maioria dos 15 milhões de brasileiros que convivem com a doença não conseguem mantê-la sob controle e, entre 2010 e 2016, mais de 406 mil pessoas morreram em decorrência de suas complicações.
O medicamento em sua forma inalável é mais uma arma que passará a ser usada no controle da doença, e a liberação para comercialização e consumo – em 8 apresentações diferentes – aconteceu início do mês de junho. A insulina será adquirida dos EUA e, embora a importação não tenha tido início ainda, logo ela poderá ser encontrada no país.