Embora os atos não tenham o apoio oficial das representações da categoria, caminhoneiros se organizam para comparecer a manifestação em Brasília no feriado do Sete de Setembro. Em um vídeo que circula nas redes sociais e em grupos bolsonaristas, o caminhoneiro Marinaldo Machado, parceiro de Marcos Antônio Pereira, conhecido como “Zé Trovão”, aliado do presidente Jair Bolsonaro, e também conhecido por desafiar o Supremo Tribunal Federal (STF), informa que no feriado da Independência haverá uma paralisação em todas as rodovias. De acordo com Marinaldo, o ato começará às 18h.
Segundo ele, apenas viaturas de polícia, corpo de bombeiros, caravanas, caminhões com cargas perecíveis ou com oxigênio terão o tráfego liberado durante o ato. “No dia sete de setembro será dado o segundo grito de liberdade dos brasileiros. Nós que estaremos lutando contra a exoneração dos 11 ministros e também da contagem pública de 100% das urnas em todo território nacional”, diz Marinaldo no vídeo.
“Patriotas, esta bandeira verde e amarela jamais será vermelha […] estaremos fazendo história ao vivo”, disse. O caminhoneiro termina o vídeo com o slogan de apoiadores do presidente Bolsonaro: “Supremo é o povo”.
Veja o vídeo aqui.
Marinaldo aparece ao lado de Zé Trovão em diversas postagens no instagram. Marcos Pereira é investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de organizar atos antidemocráticos para o dia Sete de Setembro. No último dia 31, ele descumpriu uma ordem do STF e participou de uma live nas redes sociais incitando o fechamento de estradas para os atos que estão marcados para a próxima terça-feira e pressionando o Senado para aceitar pedido de impeachment contra ministros do STF.
Movimento “do agro”
Wallace Landim, mais conhecido como Chorão, presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), afirmou que os patrocinadores do movimento vem de “muita gente com poder econômico”. Segundo ele, os sindicalistas rurais são maioria nas ruas.
“O que a gente tem que deixar bem claro é que não são os caminhoneiros que estão levantando esse movimento. Existem vários sindicatos rurais que estão mandando ônibus para Brasília, tem vários caminhões de agricultores. Eu tenho certeza absoluta que 90% dos caminhoneiros que vão estar em Brasília, vai ser de fazenda, vai ser do agro, como foi no Verde e Amarelo, aquele movimento anterior”.
Chorão também tenta desvincular os caminhoneiros da pauta das manifestações por ruptura institucional do presidente.
“Temos conversado com as lideranças, a gente não autoriza a usar o nome dos caminhoneiros nesse momento. Tem um grupo que é ligado ao agro, com empresários atrás disso, com a narrativa de salvar o país, derrubar o STF. Estamos orientando a categoria a ter responsabilidade. O que a gente não concorda é usar o nome da categoria para parar a rodovia. Está claro que esse movimento não é dos caminhoneiros”, afirmou.
Em nota, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) disse que a participação dos motoristas associados, irá representar a vontade individual e não estará ligada ao caminhoneiro autônomo.
“Desse modo, eventual participação de um caminhoneiro na manifestação do dia 07 de setembro representará a vontade individual desse cidadão brasileiro, que decide por si próprio exercer seu direito de livre manifestação e liberdade de expressão”, escreveu.
Planejamento da capital
De acordo com o governo do Distrito Federal, a região central de Brasília terá reforço no policiamento para realização dos atos no Sete de Setembro. Policiais devem fazer revistas pessoais e realizar bloqueios nas principais vias da Esplanada dos Ministérios e proximidades da Torre de TV. Além do bloqueio do trânsito em vários pontos da capital.
Na Esplanada dos Ministérios, o trânsito de veículos será proibido. Os veículos das comitivas, assim como motocicletas e cavalos, deverão ser deixados no estacionamento da Praça da Cidadania.
Os estacionamentos da Rodoviária do Plano Piloto e dos setores de Autarquia, Bancário e Comercial ficam reservados aos demais manifestantes. As vias deverão ser reabertas ao final dos atos.
Procurada, a Polícia Rodoviária Federal não se pronunciou até a publicação desta reportagem.
Fonte: Congresso em Foco