O candidato a vereador de Araguaçu, sul do Tocantins, Raimundo Fernandes (DEM) viralizou na internet após gravar áudio fazendo um desabafo. É que ele recebeu apenas um voto. Na mensagem, ele alega que nem a própria mãe votou nele. Em Palmas e Porto Nacional, candidatas também repercutiram após mandar áudio e vídeo indignadas com o resultado das eleições.
Raimundo tem 35 anos, é servidor público municipal e se candidatou pela primeira vez nas eleições 2020. Após o resultado, um áudio que ele mandou para uma pessoa próxima acabou se espalhando.
Ele disse que soube em quem os parentes votaram e que, na cidade, está sendo alvo de piadas.
“No interior, a gente fica sabendo, chegaram até minha pessoa, os candidatos que eles tinham votado. Pessoas fazem chacota, fazem graça, estou tentando levar na esportiva. Não me atinge, porque sou extrovertido, sou brincalhão, levo na brincadeira. Algumas pessoas falam: ‘Você já comprou o seu carro 1.0’?”, relatou.
Raimundo disse que não sabe ao certo porque os parentes decidiram não votar nele. “Eu me pergunto todo dia isso. Eu tenho uma boa relação com a família. Até agora eu não quis tocar no assunto, não cheguei a conversar, deixei para lá. Se eles acharam que eu não merecia o voto deles, tudo bem, tranquilo”.
Segundo Raimundo, a mulher dele, que vota na cidade, estava com problemas no título e não participou do pleito nestas eleições. Entre a mãe, o pai, a irmã, o cunhado, os amigos, os colegas de profissão e as cinco pessoas contratadas para trabalhar na campanha, ninguém votou no servidor público.
‘Bando de sacana e mentiroso’
Em Palmas, 452 pessoas se candidataram ao cargo de vereador. Uma delas foi Giovanna Nazareno (PSB), que tirou 183 votos. Após a votação, a servidora pública gravou um vídeo indignada com pessoas que prometem e não votam. Ela ainda desabou ao contar que o celular quebrou, está cheia de contas para pagar e para completar, perdeu o cachorro.
“Muita gente me deu muita força, muita gente falou que ia votar e não votou, que eu sei que é um bando de sacana, de mentiroso, mas é assim mesmo. […] agradeço a todas as pessoas que votaram em mim, agradeço a todos esses idiotas, pilantras, que compraram voto e conseguiram ser eleitos. E Agora, eu solicito a você uma coisa, me ajude a achar meu cachorro que está desaparecido aqui na 1006 Sul porque se para você está ruim, imagina para mim. Meu celular quebrou, perdi essa eleição, cheia de conta para pagar. Agora estou tentando recuperar meu prejuízo e principalmente, achar meu cachorro que sumiu”.
Depois das eleições, as coisas melhoraram um pouco para ela. A servidora pública já achou o cachorro e conseguiu arrumar o celular.
‘Não dirijam a palavra a mim’
Em Porto Nacional, a candidata a vereadora Professora Evanice (SD) recebeu 31 votos. Ela ficou indignada com a falta de compromisso dos amigos e da equipe e enviou um áudio, que acabou viralizando no estado.
“Obrigada a equipe que votou em mim, quem não votou, traíra, que Deus te condene pela falta de ética e personalidade, que você não tem. […] Vocês que não votaram em mim, por favor, não dirijam nem a palavra a mim, eu peço até pelo amor de Deus. Se você tem o mínimo de escrúpulos”.
A professora contou que o áudio foi enviado para o grupo da equipe que trabalhou na campanha. Disse ainda que falou tudo aquilo no calor do momento, em um momento de raiva.
Crimes eleitorais e ameaças
Apesar das situações inusitadas que a eleição gerou, houve quem, no calor do momento, confessasse crimes eleitorais. Um dos candidatos afirmou que deu camisetas e bolas para eleitores em troca dos votos e mesmo assim não foi eleito.
Em Gurupi, o candidato derrotado Henrique Nazareno fez ameaças após ver que não tinha sido eleito.
“Vocês, infelizmente, são um lixo pra mim. Vocês são meus inimigos agora, pode ter certeza. E cada um de vocês guarda R$ 1 no bolso pra ajudar em defesa dos animais porque todo projeto que vier pra Gurupi agora acabou”.
Após a repercussão, ele fez um vídeo para se explicar. “Fiz em momento de fúria, ao saber da votação que tive, saber que fui traído. Porque trabalhei anos e anos por uma determinada causa e não fui reconhecido”.