Ex-governador Mauro Carlesse em entrevista à TV Anhanguera — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

O ex-governador do Tocantins Mauro Carlesse (Agir) teve sua prisão preventiva decretada pela Justiça Federal sob suspeita de envolvimento em um plano de fuga para o exterior. O político é acusado de integrar um esquema de fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro. Carlesse negou as acusações e justificou a posse de documentos e imóveis no exterior como parte de suas atividades pessoais e comerciais.

Carlesse explicou que possui cidadania italiana e um passaporte que utiliza para viagens de férias, além de uma residência no Uruguai destinada a transações comerciais.
“Por ser cidadão italiano, eu posso ter casa lá. É para quando eu for de férias ter onde ficar. O Uruguai é comércio, negócio. Fui várias vezes e vou novamente se precisar. É do Mercosul, temos muito interesse, inclusive no Tocantins, de levar e trazer produtos,” afirmou.

Carlesse foi preso no último domingo, 15, em uma fazenda localizada em São Salvador, em cumprimento a mandado expedido pela 3ª Vara Criminal de Palmas. Ele foi transferido para o quartel do Comando Geral da Polícia Militar, em Palmas, após audiência de custódia.

A decisão judicial aponta risco de fuga, baseado em diálogos interceptados entre Carlesse e seu sobrinho, Claudinei Aparecido Quaresemin, ex-secretário de Parcerias e Investimentos. Segundo a investigação, ambos teriam providenciado documentos de identidade e residência permanente no Uruguai.

Além do plano de fuga, a investigação revelou mensagens indicando movimentações financeiras suspeitas. Os diálogos mencionam envio de dinheiro para contas fora do Brasil por meio de câmbio paralelo, possivelmente configurando crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Outro ponto destacado é o uso de um endereço em Marsciano, na Itália, por Carlesse para constituir advogados e requerer documentos. A decisão judicial afirma que o ex-governador já possui passaporte italiano e residência declarada na região.

Carlesse assumiu o governo do Tocantins em 2018, após a cassação de Marcelo Miranda e Cláudia Lelis. Ele venceu uma eleição suplementar e foi reeleito em 2018. Porém, em 2021, foi afastado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por suspeitas de corrupção e interferência na Polícia Civil. Pouco antes de enfrentar um processo de impeachment, renunciou ao cargo, permitindo que seu vice, Wanderlei Barbosa, assumisse o governo.

Neste ano, Carlesse já havia sido citado em outra investigação sobre fraudes licitatórias na Secretaria de Infraestrutura, com apreensão de bens e veículos de luxo.

Defesa e situação atual

O Tribunal de Justiça do Tocantins negou pedido de habeas corpus apresentado pela defesa do ex-governador. Em nota, os advogados de Carlesse afirmaram que ele sempre esteve à disposição da Justiça e continuará colaborando com as investigações.

Enquanto isso, o ex-secretário Claudinei Quaresemin permanece preso desde o dia 10 de dezembro, também por envolvimento em um esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro.

Defesa de Mauro Carlesse

O ex-governador Mauro Carlesse informa à população tocantinense que recebeu a notícia da prisão com indignação, pois não é condenado em nenhum processo e nem possui qualquer proibição de ir e vir, estando em pleno gozo de todos os seus direitos fundamentais, principalmente o de ir e vir.

Quando requisitado, sempre responde à Justiça com advogado constituído e colabora com as informações solicitadas.

Mauro Carlesse sempre esteve à disposição da Justiça e assim permanecerá. A defesa irá apresentar o pedido de revogação da prisão.