Carnaval é tempo de alegria, de bloco, de folia, de desfile das escolas de samba e, consequentemente, de bebida. E com o consumo de álcool vem ela: a sempre temida ressaca.
A médica Thaísa Albanesi, clínica geral especializada na abordagem de Medicina Personalizada, fala sobre os sintomas e as melhores dicas para evitar a ressaca.
Segundo Albanesi, é necessário entender primeiro o que é uma ressaca, que nada mais é do que uma grande desidratação no corpo, com perda de água, de eletrólitos, de proteínas e de aminoácidos bloqueados pelo álcool.
Com isso, chegam sintomas bem característicos, como dor de cabeça, fadiga, perda de energia do corpo, dor de estômago, náusea, vômito e diarreia.
“A primeira dica que eu dou aos foliões antes de irem curtir o carnaval é ingerir fontes de gordura e de proteína antes de beber. Isso não vai deixar que a pessoa tenha um pico de hipoglicemia, vai dar uma saciedade maior. Deixo a sugestão, então, do consumo de ovo ou bife com queijo antes de partir para a folia”, comentou a médica.
Mas se você se distrair e a ressaca vier, a médica compartilhou as sugestões de alimentos que devem ser consumidos para diminuir o tempo do álcool no corpo no dia seguinte e, consequentemente, abreviar o período de ressaca:
- Beber bastante água: Segundo a clínica geral, esta é a principal recomendação. Manter-se hidratado é fundamental. “Antes de dormir e ao acordar, o ideal é beber 500 ml de água e no dia da ressaca beber pelo menos 3 litros de água. Beber água entre as bebidas alcoólicas evita 80% dos casos de ressaca”.
- Limão: Alimento rico em vitamina C, que ajuda a diminuir o tempo do álcool no organismo. “A pessoa pode fazer uma água com limão espremido ou só o limão espremido mesmo. É um alimento muito importante para este momento”.
- Gengibre: Alimento anti-inflamatório e antiemético, por isso tem como foco tratar náuseas e vômitos. “Ele pode ser ingerido em forma de chá – quente ou frio – em suco, ralado na comida, o que for da preferência da pessoa. Em caso de suco, por exemplo, pode misturar com o limão também”.
- Água de coco natural: “É a melhor fonte de eletrólitos e fonte de magnésio também, então combate diretamente a dor de cabeça”. Thaísa ainda faz um alerta: “Vejo muitas pessoas, erradamente, utilizando marcas de isotônicos para a ressaca. Eles não são as melhores opções, porque geralmente contêm muitos açúcares e corantes”.
- Banana e abacate: são grandes fontes de potássio e antioxidantes. Segundo Thaísa, é a falta de potássio que deixa o corpo mais fraco e cansado no dia seguinte. Logo, o consumo dessas frutas vai ajudar a dar mais vitalidade.
- Ovo: é fonte de várias proteínas, repõe os aminoácidos. É também fonte de cisteína, aminoácido que faz parte da glutationa, o maior antioxidante no corpo, que ajuda a eliminar toxinas. Segundo Thaísa, o ovo é um dos alimentos que é capaz de dar respostas mais rápidas ao fígado
- Suco de tomate: tem uma série de antioxidantes protetores do fígado, melhora alguns níveis de eletrólitos e de vitaminas. De acordo com Thaísa, ajuda a sanar os enjoos. “Existem sucos prontos, mas o ideal é fazer em casa. Basta pegar tomates maduros, bater no liquidificador, colocar só um pouquinho de água, porque o tomate já solta bastante água. Não precisa coar. Se a pessoa preferir, pode incluir azeite e sal – mas deve ser sal mineral – e tomar como sopa”.
- Sal mais mineral, sal grosso, sal rosa, sal marinho: Aqui a importância é justamente ser um alimento rico em minerais. O sal branco, com iodo, não é recomendado. “O consumo pode ser no ovo ou até água com sal. Os sais minerais ajudam a repor os eletrólitos e a diminuir as dores de cabeça e a fraqueza do corpo”.
- Chá verde: tem substâncias ativas para o corpo que ajudam na proteção do fígado; dá energia e ajuda na vasodilatação, que auxilia no combate às dores de cabeça. Pode ser ingerido quente ou frio.
- Verduras verdes escuras (espinafre, rúcula, couve, salsinha): ajudam na desintoxicação do fígado e a eliminar o efeito do álcool mais rapidamente do organismo. Podem ser consumidas na salada ou em suco.
- Vinagre de maçã: regulariza o ph do estômago, auxilia a regular o corpo como um todo, ajuda no combate à náusea, dor de estômago e a acelerar o processo de desintoxicação.
- -Aloe vera: Segundo Thaísa, existe em forma de gel para ser consumido. Contém substâncias mais protetoras do estômago. É importante para quem tem gastrite e também combate as dores de cabeça por sua grande propriedade de desintoxicação. “Recomendo sempre aos meus pacientes a ingestão todos os dias de manhã de uma xícara de chá de aloe vera, diluída em água ou pura. E no caso da ressaca, ajuda muito a sanar os efeitos do álcool no organismo”, explicou.
- Castanhas (do pará, caju, amêndoa, semente de abóbora, de girassol): são grandes fontes de potássio e ajudam no processo anti inflamatório do corpo
- Chá de boldo: Esta antiga receitinha de avó tem poder de desintoxicação e ajuda o corpo a eliminar rapidamente o álcool, funciona como um processo de limpeza mesmo.
- Hortelã: também com propriedades anti inflamatórias, combate diretamente a dor de cabeça, o enjoo, e náusea. Pode ser consumido como chá gelado, pode bater no suco, comida, salada. “Eu sempre indico. Vai sair de casa e vai beber? Já deixa o chá de hortelã pronto na geladeira para tomar quando voltar”, comenta.
Alimentos que devem ser evitados na ressaca
Segundo Thaísa Albanesi, muita gente acaba cometendo um erro após a ingestão de bebida alcoólica: consumir frituras, açúcares e gorduras. “Isso vai piorar a ressaca.
O álcool já causa uma sobrecarga no fígado e as frituras e gorduras causam inflamação na mucosa do estômago, por exemplo.
Por isso que tem gente que, mesmo sem beber fica com o estômago distendido depois de consumir frituras, gorduras e açúcares”, explicou.
Para o consumo de açúcar, de acordo com ela, dê preferência a frutas, raízes em geral (mandioca, mandioquinha, cenoura, beterraba), arroz com feijão, lentilha, grão de bico.
Assim não há sobrecarga ao fígado, estômago e intestino.
Sinal de alerta
A médica reforça que cada corpo reage de uma forma e por isso que para cada pessoa o processo é diferente.
Por exemplo, a mesma pessoa em um dia pode beber menos e ter uma ressaca pior no dia seguinte ou beber mais e ficar melhor justamente por causa das enzimas.
“O problema é o tempo que o álcool fica no corpo. As pessoas podem, por exemplo, ter uma deficiência de enzimas e isso faz com que o efeito do álcool no organismo se prolongue”, reforça Albanesi.
Mas se você estiver de ressaca, tiver consumido os alimentos para melhorar os sintomas e nada fizer efeito, a médica recomenda pedir ajuda médica.
“Quando mesmo se hidratando não parar nada no estômago, a pessoa fica mole e com a boca seca, é um sinal de alerta. Ela deve ser levada ao hospital para fazer a reposição de eletrólito na veia. Em casos extremos, a falta de potássio no organismo pode causar parada cardíaca”, explicou a médica.
Fonte: CNN