O Ministério Público Estadual recorreu da sentença que inocentou Allan Moreira Borges das acusações relacionadas ao assassinato da esposa dele, a professora Heidy Aires . A decisão foi dada pelo júri popular, composto por sete jurados, sendo cinco mulheres e dois homens, na noite desta terça-feira (18), em Palmas.
Em nota, a promotoria afirmou que o recurso foi feito ainda em plenário e fundamentado em dois fatos. O primeiro está relacionado à decisão do Tribunal do Júri, a qual segundo o MPE foi contrária às provas que constam no processo. A promotoria alegou também que a defesa de Allan apresentou, durante a sessão, prova inédita juntada pela defesa técnica, fato que é vedado pela legislação e pode levar à anulação da decisão.
Com a apresentação do recurso, o processo passa a ser analisado pelo Tribunal de Justiça do Tocantins.
A audiência iniciou na manhã desta terça-feira. Os depoimentos de testemunhas começaram as 9h30 e só terminaram por volta das 18h. Oito pessoas foram ouvidas, entre elas um ex-namorado de Heidy, um amigo da professora, o perito oficial do caso, uma perita particular chamada pela defesa e a filha de 12 anos do casal. O último a falar foi Allan Moreira.
Durante todo o processo e também diante do tribunal ele negou ter cometido o crime. “Eu e a Heidy tínhamos um relacionamento muito bom. Relacionamento de casal perfeito. Tinha relação de respeito”, disse o réu.
Durante depoimento, Allan disse que na data do crime teve conhecimento da morte somente por volta das 23h, depois da ligação de uma parente. Ele contou que estava em Gurupi com os filhos e que havia tentado falar com a esposa durante todo o dia. Quando chegou em Palmas, contou que estava trêmulo, sentindo frio e muito abalado.
O advogado de defesa fala em insuficiência de provas. “Na verdade não há nenhum elemento de prova a respeito da responsabilidade ou da culpa do Allan. Nós temos elementos de prova concretos de que ele não estava em Palmas no dia dos fatos, temos depoimento coeso da filha do casal que reafirmou em plenário perante os jurados de que na data do homicídio, ele estava com ela, dormiu com ela no mesmo quarto, na mesma cama. Acordou com ela no local que tornaria completamente absurda a vinda dele aqui”, disse o advogado Antônio Ianowich Filho.
A defesa apresentou um parecer sobre o laudo pericial feito durante o inquérito. “O parecer diz respeito as lesões que foram constatadas no braço do Allan, especificamente se elas eram características daquelas lesões produzidas por unhas humanas. Então o meu parecer foi em cima disso, em demonstrar que não, que elas não guardavam similaridade com unhas humanas”, argumentou a perita Rosângela Monteiro.
Durante as investigações o corpo da professora precisou ser exumado para coleta de material genético. Os exames deram positivo para a presença de material genético de Allan Borges nas mãos da professora. Naquela ocasião, o delegado informou que resultado mostrava que a professora teria tentado se defender de agressões do marido antes de morrer.
A perita Rosângela disse que o material genético de duas pessoas, incluindo o de Allan, encontrado nas mãos de Heidy indicam apenas que ele era próximo dela.
O caso
A professora foi encontrada morta na noite de 6 de dezembro de 2014, na casa dela, na quadra 1204 Sul, em Palmas. Ela lecionava na escola municipal Padre Josimo Tavares. O caso gerou comoção na cidade.
A professora foi localizada em casa após parentes não conseguirem contato por celular e decidirem arrombar o portão. Heidy Aires estava caída no chão do quarto com perfurações de faca. Conforme a SSP, foram desferidos quatro golpes de faca que atingiram o pescoço e o tórax da vítima. Foram encontrados vestígios de sangue ralo e no registro do chuveiro, o que indica que o assassino tomou banho após o crime.
No dia do crime, o marido afirma que estava em Gurupi quando tudo ocorreu, mas a Polícia Civil afirma que ele planejou o crime e deixando o celular no sul do estado propositalmente enquanto se deslocava para Palmas no intuito de cometer o assassinato.
A Polícia Civil concluiu o inquérito policial ainda em 2015. O primeiro júri sobre o caso foi marcado para março deste ano, mas precisou ser adiado porque algumas testemunhas não foram localizadas.
fonte: G1 TO