Foto – TV Anhanguera

O corpo de Valbiano Marinho da Silva, de 39 anos, que morreu durante uma chacina em Miracema do Tocantins, foi exumado na manhã desta sexta-feira (18). A Polícia Civil pediu o procedimento para extrair uma bala que teria ficado alojada na coluna dele.

O homem é o principal suspeito de ter matado o policial militar Anamon Rodrigues de Sousa. Depois do crime, além de Valbiano, o pai e o irmão dele e outras três pessoas foram mortas.

A exumação ocorreu por volta de 8h no cemitério de Miracema. O procedimento foi acompanhado por equipes da Polícia Civil e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Tocantins.

No pedido da exumação, a extração da bala é apontada como imprescindível para a investigação do crime. A medida pode ajudar também a confirmar se todas as mortes estão conectadas, já que será possível comparar os projéteis encontrados nas outras vítimas com a bala alojada em Valbiano.

A retirada da bala ocorreu no terreno do cemitério. O prójétil só foi encontrado depois de quase 1 hora. Logo depois o corpo voltou a ser enterrado no mesmo local.

Valbiano Marinho é suspeito de matar o policial militar Anamon Rodrigues de Sousa. Segundo a PM, a morte dele ocorreu durante uma troca de tiros. A mãe dele questiona esta versão e afirma que o filho foi executado por policiais na porta de casa quando já estava algemado.

Valbiano Marinho da Silva é um dos mortos em Miracema do Tocantins — Foto: Divulgação

Valbiano Marinho da Silva é um dos mortos em Miracema do Tocantins — Foto: Divulgação

Além do suspeito, o pai e o irmão dele também acabaram assassinados. Eles estavam prestando depoimento na delegacia da cidade quando o prédio foi invadido por 15 homens encapuzados que os executaram.

Na mesma noite, outros três jovens foram mortos na cidade e um quarto foi baleado, mas sobreviveu.

Depoimentos de pai e filho foram gravados antes das mortes na delegacia de Miracema — Foto: Reprodução

Depoimentos de pai e filho foram gravados antes das mortes na delegacia de Miracema — Foto: Reprodução

A sequência de crimes

 

Chacina deixou sete mortos em Miracema do Tocantins — Foto: Motagem/g1

Chacina deixou sete mortos em Miracema do Tocantins — Foto: Motagem/g1

Tudo começou na noite da sexta-feira (4), depois que o 2º sargento da Polícia Militar, Anamon Rodrigues de Sousa, de 38 anos, morreu durante uma troca de tiros. Ele estaria levantando informações em campo para uma operação policial quando foi assassinado.

Após o crime houve uma sequência de homicídios. Entre os mortos está Valbiano Marinho da Silva, o suspeito de matar o policial.

Horas depois o pai e irmão dele, Manoel Soares da Silva, de 67 anos, e Edson Marinho da Silva de 37 anos, foram mortos a tiros dentro da delegacia da Polícia Civil de Miracema por 15 homens encapuzados e armados. Laudos preliminares sobre as mortes concluíram as vítimas receberam ”incontáveis” tiros de vários calibres.

Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Claudemir Ferreira, não há indícios do envolvimento das vítimas na morte do PM. “No primeiro momento não foi identificada nenhuma relação de prática criminosa por essas pessoas em períodos anteriores”, disse.

Vídeos gravados na delegacia mostram parte dos depoimentos de pai e filho momentos antes do ataque.

Outros quatro jovens foram baleados na cidade. Destes, três morreram e um sobreviveu. As vítimas que não resistiram são: Pedro Henrique de Sousa Rodrigues, Aprigio Feitosa da Luz e Gabriel Alves Coelho.

Os três foram executados com um tiro na cabeça cada um e os corpos foram encontrados por volta de 10h de sábado (5) em Miracema. Nenhum deles tinha passagem pela polícia.

A sequência de mortes está sendo investigada. Duas semanas após o crime, nenhum suspeito foi preso.

Na última sexta-feira (11) o Ministério Público ouviu testemunhas dos crimes com a participação de delegados que atuam no caso. O órgão afirmou que os grupos especializados “foram acionados pelo procurador-geral de Justiça, Luciano Casaroti, para atuarem em conjunto nas investigações”.

Por Letícia Queiroz e Ana Paula Rehbein, g1 to e TV Anhanguera