Um ciclone na região sul do Brasil deixou 10 mortos até o momento

O Brasil inteiro se assustou nesta terça-feira, 30, com a notícia de um ciclone “bomba” em Santa Catarina, região sul do país. Muitos têm se perguntando quais são os motivos desse fenômeno e se ele pode acontecer em qualquer lugar –  inclusive no Tocantins? – a reposta é sim!

Nesta quarta-feira, 1º, o número de mortos pelo ciclone na região sul do Brasil chegou a 10 e mais de 700 mil pessoas estão sem energia elétrica, segundo dados das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc).

O que são estes fenômenos?

Nossa equipe conversou com o coordenador do Núcleo Estadual de Meteorologia da Unitins, José Luiz Cabral. Ele explicou que fenômenos como este podem acontecer em qualquer lugar do mundo. 

Sobre a os fenômenos meteorológicos que estão atuando no litoral da região sul do Brasil, eles são comuns em qualquer parte do mundo. Se a atmosfera fornecer elementos para o surgimento de um sistema meteorológico desse, qualquer lugar tem, esse é o fato principal. Depois, é que lá no sul, nessa época do ano tem muito sistema frontal subindo e esse ciclone se deu a partir do avanço do sistema frontal. É um fenômeno meteorológico muito raro”, explicou.

“Começaram a falar de ciclone bomba e a questão do “bomba” é uma tecnicidade que na previsão sinódica eles trabalham, é quando a pressão atmosférica reduz muito drasticamente em 24 horas, então é uma tecnicidade. O ciclone é raro na região sul, mas tão pouco comum quanto a gente imagina. Em verdade, ali foi uma frente fria muito grande, um sistema frontal que avançou muito violento e produziu, todo aquele estrago.

Cabral explicou também que o fenômeno se deu por conta do avanço do sistema frontal. 

“Se o sistema frontal não tivesse tanta energia, ele provavelmente não criaria um ciclone extra tropical, que pode se formar no oceano, mas ainda não está caracterizado. Tem muita notícia – ‘ah, o ciclone avançou’ – o ciclone não avança, avançou o sistema frontal e em decorrência desse sistema, formou uma condição pra um ciclone que se formou sob o continente que está avançando para o mar. Mas, qualquer lugar no mundo, pode haver um evento meteorológico desse se a atmosfera oferecer elementos”, ressaltou.

Ventania no Tocantins

A ventania também parece ter tomado conta de todo o Estado durante esse período em que estamos de estiagem. Chuvas agora só final de outubro, meados de novembro.

O especialista detalhou para a Gazeta do Cerrado o porquê das rajadas de vento estarem fortes. Elas devem continuar ainda por algum tempo em várias regiões do Tocantins.

“A ventania acontece por conta de uma massa de ar seca que se estabelece aqui no Brasil Central. Quanto mais forte essa massa de ar seca quente estiver, maiores são as chances dele (massa de ar) atrair fluxo de vento de outra região. Como na atmosfera nós tem uns limites, obstáculos invisíveis, tudo que acontece aqui tá refletindo em outras regiões. Então quando essa massa se intensifica aqui no Brasil Central, sobretudo no Tocantins, ela cria uma dinâmica de trazer ventos de outras regiões. Sempre ventos predominantes de Leste, é uma característica muito forte nossa aqui.”

Em Palmas o problema pode ser pior continua a explicar para a Gazeta:

“O fato é que todas as regiões do Tocantins elas sofrem com o aumento da velocidade do vento, inerentemente as rajadas, o que por muitas vezes, essas rajadas são bem maiores aqui no município de Palmas, devido a sua orografia. Então, a velocidade do vento, as rajadas de vento estão associadas com a dinâmica atmosférica que mantem esse tempo quente e seco. Quanto mais forte, cria-se uma dinâmica de trazer fluxo de vento predominante de Leste, oriundo da região do litoral brasileiro”.

Em Palmas

Em Palmas, Cabral disse que as rajadas de vento chegaram a 50km/h

“Ontem aqui em Palmas, as rajadas de vento chegaram a aproximadamente a 50km/h. Jà em Santa Rosa, Almas, Santa Fé , Santa Rosa do Tocantins, Araguaçu, ficaram em torno aí, dos 36km/h, então é inerente a essa dinâmica, esse centro de alta pressão, que se estabelece aqui no Brasil Central o fluxo de vento e as rajadas. Uma curiosidade é que essas rajadas, por vezes, elas são maiores nas primeiras horas do dia. Então enquanto o sol tá se levantando, as rajadas começam uma dinâmica de ir aumentando, quando a atmosfera está mais quente, por volta das 10h os ventos começam a aumentar. Então é uma dinâmica que as pessoas podem observar”. finalizou.

Lucas Eurilio – Gazeta do Cerrado