Antigamente, por causa das doses elevadíssimas de hormônios, os contraceptivos orais eram frequentemente ligados ao câncer de mama. Mas com a evolução nos medicamentos, a preocupação abrandou – afinal, o teor dessas substâncias nos anticoncepcionais de hoje é bem menor. Só que pesquisadores acabam de descobrir que mesmo as pílulas modernas estão associadas a um risco extra de sofrer com esse tumor.
O achado, da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, surgiu da análise da incidência de câncer de mama em 1,8 milhão de mulheres entre 15 e 49 anos de idade. Trata-se de nada mais, nada menos do que toda a população feminina do país nórdico nessa faixa etária, com exceção das que já haviam manifestado a doença ou outras condições como o tromboembolismo venoso.
A multidão de dinamarquesas foi acompanhada por pouco mais de uma década, período em que 11 517 tumores nos seios foram detectados. Resultado: a prevalência do problema foi 20% maior nas que já tinham apostado em qualquer tipo de pílula quando comparadas às que nunca recorreram a esse método contraceptivo. Se no primeiro time foram 55 casos a cada 100 mil mulheres, no segundo foram 68 diagnósticos.
A ameaça era mais significativa em quem engolia o anticoncepcional há mais de dez anos e estava acima dos 40. Além dos comprimidos, o dispositivo intrauterino (DIU) com progesterona também foi vinculado a um risco ligeiramente elevado.
Embora o levantamento não firme uma relação de causa e efeito, é possível que a dose extra de hormônios no organismo instigue o desenvolvimento do câncer. Só que não há motivo para pânico.
“O risco absoluto é pequeno e os próprios autores ressaltam isso no texto. Estamos falando de um caso extra a cada 7 690 mulheres que usam o contraceptivo”, comenta a cirurgiã oncologista Fabiana Baroni Makdissi, que dirige o Departamento de Mastologia do A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo.
Por Chloé Pinheiro, da Saúde
Fonte: Exame