Uma série de planetas que apresentam semelhanças com alguns do nosso sistema solar foi encontrada em torno de uma estrela próxima por astrônomos usando o Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul, no Chile.
A estrela, conhecida como L 98-59, está a 35 anos-luz de distância da Terra. Pode haver até cinco planetas em órbita, incluindo um mundo oceânico, um planeta potencialmente habitável e um dos exoplanetas mais leves já descobertos. Exoplanetas são aqueles que orbitam estrelas fora de nosso sistema solar. A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira (5) na revista Astronomy & Astrophysics.
Durante essas novas observações do sistema, os astrônomos determinaram que três dos planetas incluem algum tipo de água. Os dois planetas mais próximos da estrela são provavelmente secos e rochosos, com apenas pequenas quantidades de água. Esses planetas, como a Terra ou Vênus, estão próximos o suficiente da estrela para serem aquecidos por ela.
Enquanto isso, a massa do terceiro planeta pode ser 30% de água. Isso sugere que poderia ser um mundo oceânico, semelhante a algumas das luas encontradas em nosso sistema solar.
Esses três planetas foram avistados pela primeira vez por astrônomos em 2019 usando o telescópio Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS), da Nasa. O observador é capaz de detectar exoplanetas usando o método de trânsito, que mede a queda na luz ocorrida quando um planeta passa na frente de sua estrela.
Os astrônomos têm outro método para encontrar exoplanetas conhecido como velocidade radial, que calcula a oscilação que ocorre quando os planetas em órbita criam puxões gravitacionais em uma estrela. As medições da missão TESS foram combinadas com as medições de velocidade radial feitas usando o Very Large Telescope para ampliar o conhecimento sobre esses planetas.
Neste caso, permitiu aos astrônomos determinar que o planeta mais próximo da estrela tem apenas metade da massa de Vênus – tornando-o o exoplaneta mais leve já detectado usando a velocidade radial.
“Este é um passo à frente em nossa capacidade de medir as massas dos menores planetas fora do Sistema Solar”, disse María Rosa Zapatero Osorio, autora da pesquisa e astrônoma do Centro de Astrobiologia de Madri, Espanha, em um comunicado.
Durante a pesquisa, os membros da equipe também descobriram um quarto planeta e o que pode ser um quinto planeta que não foi capturado nos dados anteriores do TESS. Esse quinto planeta pode estar à distância certa da estrela para permitir que a água líquida se forme na superfície. Esse fator é conhecido como zona habitável da estrela.
“O planeta na zona habitável pode ter uma atmosfera que poderia proteger e manter a vida”, disse Zapatero Osorio.
Este sistema planetário é um alvo ideal para o Telescópio Espacial James Webb da Nasa, programado para entrar em órbita ao redor da Terra em outubro, bem como para o Extremely Large Telescope (ELT) do Observatório Europeu do Sul, que deve iniciar as observações, do Chile, em 2027.
Ambos podem ser capazes de examinar a atmosfera desses planetas, o que abre o potencial para descobertas de bioassinaturas, ou sinais de vida, fora de nosso planeta.
“Este sistema anuncia o que está por vir”, afirmou Olivier Demangeon, principal autor do estudo e pesquisador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço da Universidade do Porto, em Portugal, em comunicado. “Nós, como sociedade, temos perseguido planetas terrestres desde o nascimento da astronomia, e agora estamos finalmente nos aproximando cada vez mais da detecção de um planeta terrestre na zona habitável de sua estrela, do qual poderíamos estudar a atmosfera”.
Texto traduzido, leia o original em inglês.
Fonte: CNN