Você pode estar lendo esse texto no seu computador, smartphone ou tablet. Mas provavelmente está em uma das 150 maiores regiões metropolitanas do mundo. Mais da metade dos seres humanos hoje vivem em cidades, e esse número deve aumentar para 70% até 2050. Em termos econômicos, os resultados da urbanização foram notáveis. As cidades representam 80% do Produto Interno Bruto (PIB) global. Nos Estados Unidos, o corredor Boston-Nova York-Washington gera mais de 30% do PIB do país.
Mas o sucesso tem sempre um custo – e as cidades não são exceção, segundo esta análise do Fórum Econômico Mundial. Padrões insustentáveis de consumo, degradação ambiental, desigualdade persistente são alguns dos problemas das cidades modernas. Recentemente, entrou na equação as consequências da transformação digital. Há quem fale sobre uma futura desurbanização. Mas os especialistas consultados pelo Fórum descartam essa possibilidade. Preferem discorrer sobre como as cidades vão se adaptar à era da digitalização e como vão moldar a economia mundial.
O segredo é escala
Os arranha-céus em cidades como Xangai e Nova York atestam a capacidade de expansão vertical. Mas algo ainda mais surpreendente está acontecendo nos bastidores. De acordo com uma pesquisa recente realizada por Geoffrey West e Luis Bettencourt, as cidades estão levando o capital físico e humano a “escalas superlineares”. Desafiando a aritmética básica, as cidades produzem mais unidades do que consomem em indicadores como salários, patentes e investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
Por outro lado, as cidades gastam menos recursos per capita em infraestrutura e serviços. Há, nestas áreas, muitas funcionalidades (como sistemas elétricos e de mobilidade) operando no modelo “sublinear”, segundo o Fórum. Ou seja: aquém da capacidade máxima. Com a digitalização, pode estar aí uma oportunidade para as cidades conseguirem solucionar os maiores desafios globais. Um deles é tentar encontrar soluções para o problema de habitação: a população mundial deve chegar a 9,7 bilhões em 2050.
O que você é vale mais do que onde você está
Os prefeitos das maiores cidades do mundo estão fechando parcerias que derivam mais de interesses compartilhados do que proximidade geográfica ou filiações políticas. O contexto nacional não é necessariamente o traço mais relevante para as cidades modernas. Por exemplo, há poucas similaridades entre o Reino Unido e a Turquia, mas o voto contrário ao Brexit em Londres, Liverpool e Manchester foi estimulado por forças parecidas com as dos votos contrários ao referendo constitucional em Istambul, Ancara e Izmir. Nos Estados Unidos, Nova York e San Francisco entraram no acordo de Paris com outras 380 cidades, ainda que o país tenha se retirado do tratado.
As cidades vão liderar o desenvolvimento
De acordo com pesquisas recentes, as cidades são ambientes que promovem o apego à comunidade e a criação de grupos. Muitos sabem que esses laços estão relacionados à sensação de felicidade e bem-estar, mas eles também estão ligados ao crescimento do PIB. A capacidade das cidades de criar níveis sem precedentes de atividade econômica e inovação irá assegurar que esses espaços irão liderar o desenvolvimento nas próximas décadas.
Reinventando como e onde trabalhamos
Em 2020, chegará ao mercado de trabalho a geração C (“conectada”), a das pessoas que viveram toda a sua vida imersas no mundo digital. Até lá, as quatro forças da quarta revolução industrial – automação, realidade aumentada, computação em nuvem e inteligência artificial – provavelmente estarão funcionando a pleno vapor.
Ao mesmo tempo em que os baby boomers começam a deixar o mercado de trabalho, os millenials e a geração C devem reinventar a forma como trabalhamos e o ambiente de trabalho. Além disso, a digitalização vai continuar a moldar a produtividade. Mais importante, vai aumentar os benefícios do agrupamento nos principais setores da economia, como manufatura, serviços financeiros e hospitalidade. Pequenos empreendedores nesses agrupamentos irão criar “micro-multinacionais” usando plataformas digitais.
Cidades inteligentes facilitarão a vida de seus habitantes
A digitalização promete melhorar a vida das pessoas nas cidades. Em cidades inteligentes como Tallinn, na Estônia, os cidadãos podem votar nas eleições nacionais e se envolver com o governo local via plataformas digitais, que permitem a assinatura de contratos e pagamento de impostos, por exemplo. Programas similares em Cingapura e Amsterdã tentam criar uma espécie de “governo 4.0”.
Além disso, a tecnologia vai permitir uma melhora na governança. Plataformas digitais possibilitam acesso, abertura e transparência às operações de governos locais e provavelmente irão mudar a forma como os governos interagem com as pessoas.
Por Época Negócios Online