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Apesar de parecer venenosa com suas escamas laranjas e amarelas, a cobra-do-milho é uma das espécies mais dóceis entre o grupo das serpentes. Originária da região sudeste dos Estados Unidos, ela leva esse nome – traduzido ao pé da letra de seu apelido em inglês, ‘corn snake’ -, em homenagem à sua presença regular perto dos celeiros norte-americanos e ao padrão distinto da sua barriga, que lembra grãos de milho.

A semelhança com o cereal não é a única que esse réptil compartilha: com uma composição de escamas parecida com a da víbora serpente-mocassim-cabeça-de-cobre (Agkistrodon contortrix), que também vem dos Estados Unidos, a cobra-do-milho é comumente morta em decorrência de erros de identificação. Mas, ao contrário da cabeça-de-cobre, ela faz parte da subfamília Colubrinae e não tem o famoso veneno das serpentes, abatendo, portanto, suas presas por constrição.

Essa inofensividade em relação ao ser humano, junto com a sua relutância para morder, faz com que muitas pessoas optem em ter a cobra como um pet, segundo Giuseppe Puorto, pesquisador científico e diretor do Museu Biológico, do Instituto Butantan. “Sua natureza dócil, tamanho médio quando adulto e cuidados comparativamente simples também fazem com que esses répteis sejam comumente mantidos como animais de estimação em relação a outras espécies”, explica.

A cobra-do-milho tem temperamento dócil e não é venenosa. Mesmo assim, ela não pode ser domesticada (Foto: Wikipedia/ CreativeCommons)
A cobra-do-milho tem temperamento dócil e não é venenosa. Mesmo assim, ela não pode ser domesticada (Foto: Unsplash/ Josua J. Cott/ CreativeCommons)

Além disso, a presença do bicho pode ser considerada até benéfica: de acordo com Giuseppe, nos locais que moram, “elas ajudam a controlar populações de roedores selvagens que danificam o cultivo e propagam doenças”. A sua alimentação é composta, afinal, por camundongos, anfíbios e pequenos vertebrados.

Porém o biólogo enfatiza que, por mais que tenha um comportamento naturalmente ameno, a cobra-do-milho não é domesticável. “Em outros países, a serpente é comercializada no mercado pet, mas no Brasil é proibido mantê-la como animal de estimação”, ressalta Cybele Lisboa, bióloga e chefe do setor de Herpetofauna do Zoológico de SP. A especialista acrescenta que a comercialização da espécie também é proibida.

“Devido ao comércio ilegal, muitas pessoas compram indivíduos e mantém de forma irresponsável, o que ocasiona em fugas ou mesmo em soltura na natureza, fora de seu local de origem”, completa Cybele. No Brasil, a serpente já é considerada invasora, e isso pode resultar em um desequilíbrio ecológico e afetar as espécies nativas, explica.

Fonte – Revista Casa e Jardim via Globo.com