Além do Conselho Municipal de Igualdade Racial de Palmas e da Federação das Casas de Culto, o coletivo feminino “Ajunta Preta” encaminhou nota na qual faz ampla reflexão no caso envolvendo a professora Solange Nascimento, que alega ter sofriso racismo e intolerância religiosa na Assembleia Legislativa.

“A violência, praticada por um policial da assessoria militar da Assembleia Legislativa, Coronel Alan, exibe um dos cruéis combos de opressões que infelizmente acompanham o cotidiano de uma mulher negra no Brasil e, em proporções crescentes, no Tocantins e em Palmas”, alega na nota.

A Assembleia Legislativa informou que vai abrir investigação para apurar o ocorrido.

Veja a íntegra da nota do coletivo:

8 DE MARÇO DE 2018 – NOTA DO COLETIVO FEMINISTA ‘AJUNTA PRETA’ SOBRE A VIOLÊNCIA SOFRIDA PELA PROFESSORA SOLANGE DO NASCIMENTO NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA NO TOCANTINS

 

Hoje, 08 de março de 2018, em meio as tantas mulheres de diversos movimentos sociais que compuseram o ato político em ocupação na Assembleia Legislativa do Tocantins, pautando suas demandas e reivindicando direitos, uma companheira preta, militante, servidora federal, professora Solange do Nascimento, foi vítima de racismo, machismo, e intolerância religiosa.

A violência, praticada por um policial da assessoria militar da Assembleia Legislativa, Coronel Alan, exibe um dos cruéis combos de opressões que infelizmente acompanham o cotidiano de uma mulher negra no Brasil e, em proporções crescentes, no Tocantins e em Palmas.

“Tenho autoridade sobre seu corpo, quando acabar a sessão, lá fora vou fazer um procedimento com você pra mostrar minha autoridade”. “Qual é a sua religião?”, “Qual é a sua religião?”. Estas falas são parte das ofensivas verbalizadas pelo agente de segurança enquanto insistia em retirar professora Solange da sala de sessão impondo, desnecessariamente, suas mãos sobre ela.

Este episódio, lamentavelmente vivido por uma de nossas companheiras, ilustra o porquê da nossa luta e da nossa militância.

Quando falamos sobre a coisificação das mulheres negras, está inclusa esta tentativa violenta de legitimar o abuso de autoridade sobre nossos corpos. Querem-nos eternamente escravizadas, se resistimos antes resistiremos ainda mais agora.

Quando falamos de intolerância religiosa, falamos da marginalização potencialmente voltada às religiões de matriz africana. Lembramos que na “capital da fé”, tem povo de axé que exige respeito e liberdade para cultuar a sua ancestralidade e espiritualidade.

Nós mulheres negras, militantes do Coletivo Feminista Ajunta Preta, manifestamos nosso repúdio ao agente de segurança pública e a toda a estrutura de estado racista, machista e intolerante que o acompanha e encoberta. Reforçamos a fala da própria professora “não toquem em nossos corpos! ” Não toquem em nosso bem viver! Machistas, racistas não passarão!