Tem palavra que de tanto ouvirmos por aí caímos na tentação de acreditar que já sabemos o que significa.

É quando o seguinte fenômeno entra em curso: pegamos a palavra, fechamos, a colocamos em uma caixinha e a deixamos lá junto com tudo aquilo que supostamente já conhecemos.

Isso acontece porque nós temos quase que uma compulsão por finalizar assuntos.

Sabe aquele prazer que você tem de dar ok nas tarefas?

É disso que estou falando. Aquela sensação de alívio ao constatar que algo foi liquidado. No fundo no fundo isso acontece porque sabemos que a lista de “a fazer” ou “a conhecer” é infinita. O problema é que ao fazer isso nós nos fechamos para o novo e, consequentemente, para a vida.

Agora que já fiz um breve contexto, te convido a retirar uma palavra da caixinha e, ao retirá-la, te convido a se abrir e quem sabe se comportar como uma criança que, naturalmente interessada, quer saber do que se trata a referida palavra.

Pois bem, vamos falar de amor e faremos o possível para tanto diferenciá-lo de apego quanto não cairmos no clichê de associar amor a contos de fadas e romantismo.

Eu te convido a explorar pela perspectiva do AMOR GENUÍNO.

AMOR GENUÍNO

E te garanto que você sabe do que eu estou falando. Todos nós nascemos com a habilidade natural de querer o bem para todos os outros (incluindo a nós mesmos). Pense em uma mãe cuidando de seu único filho, é um exemplo bem fácil.

Uma mãe sinceramente deseja que o filho descubra as causas da felicidade genuína e desfrute dela ainda que a própria genitora não esteja incluída.

A FELICIDADE DO OUTRO

E quando a mãe deseja a felicidade do filho: O foco está no outro na perspectiva do outro, na felicidade do outro. Isso é totalmente diferente da noção de apego que é quando o foco está autocentrado, focado em me agradar, me fazer feliz.

Compreende?

A EXPANSÃO DO AMOR

Agora expanda essa visão para todos os seres. Isso mesmo: incluindo você! Essa é a nossa capacidade de amar, ilimitada e imparcial, porém geralmente ela está adormecida ou, na melhor das hipóteses – seletiva.

Isto é, ou acreditamos que perdemos a nossa capacidade de amar genuinamente ou elegemos alguns poucos seres para depositarmos todo o nosso amor.

É possível imaginar que se eu escolho um ser para amar e esse ser não me ama eu cairei em sofrimento. Você pode me dizer que isso é o normal.

Pensando assim, agora fica fácil compreender o motivo de fazermos parte de uma geração com tantas questões envolvendo solidão, depressão, altas taxas de utilização de medicamentos para controle de humor bem como a falta de sentido para a vida culminando em suicídio.

ISOLAMENTO PELA PANDEMIA

Coloque tudo isso em meio a uma pandemia, que exige isolamento, e rapidamente perceberá a importância de tratarmos com seriedade de tal assunto.

Acredito que tais sintomas são consequências da anestesia ou seletividade que mencionei anteriormente. Veja bem a gravidade da situação: são sintomas potencialmente letais.

E agora você pode me perguntar o motivo de cairmos em tal cilada e eu te respondo: nós nos anestesiamos, bloqueamos,

FUGIMOS DO AMOR POR MEDO

É por medo que fechamos o nosso coração. Para não entrarmos em contato com a dor, rejeição, indiferença e abandono (seja consciente ou inconscientemente) nós nos fechamos, nos enclausuramos, abdicamos de sentir.

É verdade que ao colocar uma carapaça em volta do corpo eu me protejo de um soco, contudo não sinto também a suavidade de um toque. Ao evitar o sofrimento eu não amo e não me sinto amada.

E assim não entramos no campo da tão temida vulnerabilidade. É para fugir dela que nos encouraçamos. Sentimos medo quando constatamos a nossa total falta de controle sobre a vida.

O OPOSTO DO AMOR NÃO É ÓDIO, É MEDO!

E medo nada mais é que um pedido por amor.

E COMO RESOLVER ISSO?

A resposta é simples, porém exige coragem. Para abrir-se para a vida é necessário coragem.

CORAGEM VEM DO CORAÇÃO

Até mesmo etimologicamente, na própria origem e história da palavra, já que coragem nasce da palavra coração:

CORAGEM – do Latim coraticum, derivado de cor, “coração”.

O segredo para deixar o amor fluir até chegar onde ficou parado (onde a sua vulnerabilidade foi ferida) é abrir o coração e incluir tudo como foi, incluir tudo como é. Onde há

  • Abertura

  • Entrega

  • Presença

  • Vulnerabilidade

  • Coragem há vida.

Onde há vida, há amor. E o amor está aí: disponível, abundante e fluido para todo mundo, para nos curar. Basta você se abrir e dizer três letras:

SIM!

SIM PARA O AMOR

____________________________________________________________________________

Coluna CURA DA ALMA

É conteúdo exclusivo da Gazeta do Cerrado

@juniagomesterapias

A convidada dessa semana é a Psicóloga Junia Gomes, Especialista em Terapia Analítico-Comportamental e Mestre em Psicologia

@juniagomesterapias

*Toda semana a Gazeta do Cerrado trará um novo tema para a “Cura da Alma”. Se quiser escrever para nós ou sugerir algum tema, basta entrar em contato por aqui mesmo.

Gazeta do Cerrado: Antes de ser notícia, tem que ser verdade

#CuraDaAlma #covid_19 #luto #GazetaDoCerrado #psicologia #psicoterapia #terapia #analise #Ansiedade #Depressão #Amor #SóNaGazeta