As equipes da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), que atuam na Missão Humanitária combatendo incêndio florestal no Chile, já estão com dias contados para retornar ao Brasil. É que a missão foi concluída neste domingo, 26, depois de 12 dias atuando em apoio às equipes locais, além das colombianas e espanholas. A previsão é para estarem no Distrito Federal – Brasília, em 06 de março.
A viagem do Capitão Marinaldo Gomes Rocha e do subtenente Vander Praxedes, integrantes do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins, tem total apoio do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa. Ambos incorporaram ao grupo da FN e seguiram para o Chile dia 10. Tão logo chegaram ao destino, no Vale do Maule, cerca de 260 quilômetros ao sul de Santiago (Capital), em 15 de fevereiro, atuaram diariamente nos combates aos focos de incêndio.
Segundo relatou Vander Praxedes, os últimos focos foram combatidos no domingo, 26, com rescaldo nas áreas atingidas no Maule. Na manhã desta segunda-feira, 27, os acampamentos já estavam sendo desmobilizados e os bombeiros militares com novo destino definido: Santiago, onde serão recebidos na Embaixada Brasileira. Dia 02, pegam a estrada para o Brasil.
A Missão
Os focos de incêndios florestais atingiram várias regiões do país, desde o centro ao sul, com dezenas de cidadãos mortos, segundo as autoridades locais, além de milhares de quilômetros quadrados de florestas destruídas. Assim que chegaram ao Vale do Maule, os brasileiros foram direto para os pontos de combate, onde já estavam espanhóis e colombianos nas frentes de trabalho.
“As únicas equipes que foram solicitadas pelo governo local para renovar a permanência fomos nós, brasileiros. A gente estava bem atuante, trouxe material e estava auto suficiente para quantos dias fosse necessário”, contou o subtenente Vander Praxedes. O bombeiro militar tocantinense explicou que os brasileiros atuavam no combate direto, ajudando as equipes locais na construção dos aceiros para proteger as áreas que ainda não tinham sido atingidas.
“Numa comparação, seria como se estivéssemos subindo várias Serras de Aparecida (Em Goiás), limpando, fazendo aceiro, tirando toda matéria orgânica para interromper a queima”, disse.
As equipes em terra contavam também com apoio de dez helicópteros equipados com heli-balde para levar água em grande quantidade e assim lançar sobre as chamas. “E os combates eram diários. Éramos divididos em três equipes e íamos para o campo com as equipes locais”, relatou o bombeiro militar.
A Missão Humanitária no Chile serviu também para trocas de experiências nas técnicas de combate. “Aqui no Chile, os bombeiros militares não usam soprador costal nas áreas acidentadas. E no Brasil, a gente já tem esse costume, mesmo usando um modelo de equipamento igual ao deles”, frisou Vander Praxedes, que se dispôs a fazer uso do equipamento que chega a pesar 12 quilos, e subir para áreas mais íngremes com altitude de até 1500 metros, atingidas pelo fogo.
“Aqui, o soprador é utilizado na maioria das vezes para fazer aceiros. Expliquei que tenho costume de usar no Brasil e meu chefe de equipe me permitiu subir e usar direto na extinção de focos na serra. Em alguns pontos, eu tinha que escalar, mesmo com o soprador nas costas e mais a mochila de ataque, para transpor os obstáculos. Foi bem desgastante por esses dias, mas bem proveitoso. Pudemos trocar muita informação sobre formas de combate, já que eles aqui atuam muito na prevenção, fazendo aceiros, e não diretamente no fogo. Eles informam os pontos e as aeronaves fazem os ataques. E também usam muitos motosserras na abertura dos aceiros, já que as árvores são mais altas”, finalizou.