Troncos, galhos, frutos, pedras, metais, cabaças, fibras, barro. É com criatividade que se faz o rico artesanato brasileiro. Nesta terça, 19 de março, comemora-se o Dia do Artesão, um profissional que passeia entre a simplicidade e a originalidade para deixar mais bonito o dia-a-dia de milhões de pessoas pelo país. Diante de tanta criatividade e matérias-primas, a produção tocantinense não deixa nada a desejar, sendo cada vez mais presente nos lares, empresas e repartições públicas.

A profissão é uma das mais antigas e, segundo estudiosos, nasceu no período neolítico (6.000 a.C.), quando os homens aprenderam a polir a pedra, transformar a cerâmica em barro e fibras animais em tecelagens. O ofício foi aprimorado e sobreviveu aos tempos, chegando à era moderna com a característica que lhe atribui valor cultural desde os primórdios: a produção manual de pequenas peças de arte.

Guilherme dos Santos comemora sucesso de suas bonecas – Foto – Emerson Silva

De acordo com o Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), o artesanato movimenta R$ 50 bilhões por ano, dentro de uma cadeia produtiva que vai desde a coleta da matéria-prima até o produto final. Existem no país 8,5 milhões de pessoas que atuam neste setor, e cada um deles recebe, em média, de dois a três salários mínimos por mês.

Tocantins

Os artesãos tocantinenses não deixam a desejar para nenhum outro profissional dos demais estados, em matéria de artesanato. O carro-chefe, claro, é o capim dourado, que conquistou seu espaço dentro e fora do país, nas mais diversas formas. E pensar que tudo começou em uma pequena comunidade do Jalapão, Mumbuca, onde era usado em trançados simples para peças utilitárias de pouco valor. Hoje, com designers modernos e consumidores de toda ordem, a preocupação e manter a identidade das peças feitas do capim que brilha como ouro somente em algumas regiões do Tocantins e de Goiás.

Mas os artesãos tocantinenses têm muito mais a apresentar. Um dos destaques da temporada é o babaçu. Se até pouco tempo somente sua palha era utilizada, juntamente com a do buriti, eram utilizadas apenas em chapéus, cestos, esteiras, ou no máximo como coadjuvantes de outras matérias-primas, hoje a situação mudou.

Rosângela é uma das artesãs do projeto Xambiart – Foto – Emerson Silva

Em Palmas, há lojas de artesanato e feiras que comercializam grande variedade de produtos de várias regiões, como a cerâmica branca de Arraias, a vermelha de Lajeado, com mais de 50 itens distintos, os cristais de Cristalândia e Pium, biojóias e madeira de vários municípios, artesanato indígena, em especial cestaria e bonecas de barro, e, claro, muito capim dourado.

Por outro lado, há produtos mais valiosos que necessitam de encomenda direta. É o caso de móveis em madeira e das jóias artesanais em ouro e prata de Natividade, uma tradição que remonta ao século18, que une a antiga técnica da filigrana com designer moderno de peças como anéis, pulseiras, colares e pingentes.

A presença das peças tocantinenses nas feiras nacionais comprova o sucesso deste trabalho. Guilherme dos Santos é um dos artistas participantes das exposições ao longo de 2018. “Meu pai ainda guarda a primeira peça criada por ele”, conta o filho, lembrando que hoje são seis pessoas envolvidas na produção artesanal, apresentada com sucesso em diversas feiras pelo país. “Sou criado pela  arte”, diz orgulhoso o artesão que trabalha com bonecas produzidas a partir de bucha e jatobá, que são comerciaçozadas em 32 lojas, em vários estados.

Outro destaque são as biojoias com XambiArt, produzidas por artesãs da Cooperativa dos Artesãos de Biojoias (COOABX), de Xambioá. O trabalho reconhecido nacionalmente é comercializado pelas próprias artesãs, em feiras de artesanato e em duas lojas, em  Palmas (Aeroporto) e Rio de Janeiro. De acordo com a artesã Rosângela Ribeiro Amâncio, a cada ano é lançada uma nova coleção, que utiliza sementes e madeira reciclada em designers modernos. “Procuramos sempre inovar”, explica, lembrando que a cooperativa tem parceria com  uma movelaria. As sobras de madeira antes sem serventia tornaram-se meio de sustento para as artesãs.

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