No mês dedicado às conquistas da comunidade surda e destacado como Setembro Azul, a Escola de Tempo Integral Caroline Campelo, localizada no Setor Santa Fé, pontua a importância dos surdos fazerem parte da sociedade e ter consciência da importância do processo.

É importante frisar que incluir vai muito além do simples fato de aceitar a matrícula do aluno com deficiência. A presença da criança na escola não garante que ela esteja no ciclo de inclusão, tendo em vista que é preciso o professor compreender as necessidades do aluno, adaptar atividades, além de a escola reforçar a relação familiar, escolar e com a comunidade.

A professora Shirley Mafra, da ETI Caroline Campelo, obteve uma experiência altamente positiva com os alunos. No início, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) era ofertada apenas para os alunos com o déficit de audição, mas logo depois, os outros colegas que apesar de não possuírem problemas auditivos,  também se interessaram pela comunicação através dos sinais. Como não havia horário, resolveram abrir um turno especial para o curso de Libras, após o término das aulas diárias, de segunda a quinta-feira. “Foi surpreendente o resultado positivo dos alunos, que voluntariamente fizeram suas inscrições. A procura foi tão grande que foi necessário criar uma lista de espera”, destacou a professora.

Além dos alunos matriculados no curso, houve também o interesse da comunidade escolar e região para realizar a inscrição com o propósito de aprender a língua de sinais. Novamente a procura foi imensa, precisando priorizar as famílias das crianças surdas no início. “Hoje estamos com uma média de 68 alunos no curso de Libras, oferecido das 17 horas às 18h30min. Foram formados dois grupos para atender a demanda. Contamos com a participação de alunos, professores, familiares de surdos e comunidade em geral”, frisou Shirley.

Durante as aulas, o método utilizado nas práticas educativas é bilíngue, no qual contempla a Língua de Sinais (L1) e o Português (como segunda Língua L2). Para um surdo obter sucesso escolar é necessário um lugar onde as pessoas consigam de fato se comunicar com ele e, a partir da discussão, trocar informação e construir o conhecimento. Para a professora há uma boa comunicação entre todos os alunos. “Em especial, as crianças surdas apresentam um avanço significativo no conhecimento da própria língua e a interação entre eles é gratificante. Observo-os mais alegres, tranquilos e com mais segurança para assumirem suas próprias identidades”, ressaltou.

Setembro Azul

O mês de setembro é marcado por diversos eventos da comunidade surda. Eles são voltados para a conscientização sobre a acessibilidade e a comemoração das conquistas obtidas ao longo dos anos. O mês foi escolhido pelos surdos para comemorar e relembrar a luta por direitos, repleto de datas importantes para a comunidade, como por exemplo o Dia Nacional do Surdo, realizado no dia 26.