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Desde o mês de maio a Associação Remanescente de Quilombo Kalunga do Mimoso do Tocantins – AKMT, que representa as comunidades do Território Quilombola Kalunga do Mimoso, localizado nos municípios de Arraias e Paranã, vem sofrendo pressão da Cooperativa de Garimpeiros e Mineradores – Coopermin. Por meio de nota a Associação mostra a sua aflição quanto ao que vem acontecendo. (Veja nota no final da reportagem).

“Após a negativa da diretoria da AKMT em tratar do assunto com os representantes da Coopermin, o sr. Antônio Pereira de Barros, dono da mineradora, invadiu o território quilombola para se encontrar com moradores da região. Abordando pessoalmente membros da diretoria da AKMT e da comunidade para buscar apoio, afirmou que a mineração na região estava autorizada pelas autoridades e com os documentos em dia. Todavia, a diretoria e seus parceiros averiguaram que as informações repassadas à AKMT são falsas ou relacionadas a processos em outras localidades”.

Comunidades quilombolas

Conforme o art. 2º do Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, “consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.”

Os territórios quilombolas são protegidos legalmente para a garantia da reprodução física, social, econômica e cultural de suas comunidades. De acordo com a Fundação Cultural Palmares, no Tocantins são 45 comunidades quilombolas certificadas.

A Gazeta do Cerrado tenta contato com a Cooperativa e ressalta que o espaço está aberto caso haja interesse em se posicionar sobre o assunto.

Confira a nota na íntegra:

NOTA DE MANIFESTAÇÃO E ESCLARECIMENTO DA ASSOCIAÇÃO REMANESCENTE DE QUILOMBO KALUNGA DO MIMOSO ARRAIAS/PARANÃ – TOCANTINS – AKMT

A comunidade Quilombola Kalunga do Mimoso, por meio da Associação Remanescente de Quilombo Kalunga do Mimoso do Tocantins (AKMT) se dirige à sociedade brasileira, autoridades e formadores de opinião, bem como, ao Ministério Público, ao INCRA, ao Naturatins, ao IBAMA e demais órgãos fiscalizadores e de proteção dos territórios quilombolas para denunciar publicamente e pedir apoio para resolver a seguinte ameaça ao território quilombola.

A mineradora Coopermin (Cooperativa de Garimpeiros e Mineradores) vem insistindo em obter apoio e autorização da Comunidade Kalunga do Mimoso para instalar uma estrutura de extração (lavra) de ouro dentro do território.

Após a negativa da diretoria da AKMT em tratar do assunto com os representantes da Coopermin, o sr. Antônio Pereira de Barros, dono da mineradora, invadiu o território quilombola para se encontrar com moradores da região. Abordando pessoalmente membros da diretoria da AKMT e da comunidade para buscar apoio, afirmou que a mineração na região estava autorizada pelas autoridades e com os documentos em dia. Todavia, a diretoria e seus parceiros averiguaram que as informações repassadas à AKMT são falsas ou relacionadas a processos em outras localidades.

Além disso, vem atuando junto aos comunitários com promessas de benefícios e incitando dúvidas sobre a legitimidade do território quilombola e da associação para impedir o avanço do garimpo. Vários moradores reportaram que os representantes da mineradora atuaram para descaracterizar a identidade e o território quilombola, a fim de facilitar as atividades de garimpo.

Diante desses fatos e de outros processos administrativos questionáveis, a Comunidade Quilombola Kalunga do Mimoso reafirma mais uma vez sua identidade, a sua legitimidade e autonomia para cuidar e realizar a gestão ambiental e territorial do Território Kalunga do Mimoso, que abrange os municípios de Arraias e Paranã.

Reitera também a sua negativa aos processos minerários predatórios e espera contar com o apoio da sociedade sensível às causas socioambientais e a firme atuação das autoridades competentes para impedir essa ação atentatória à soberania e aos modos de vida  da comunidade.

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Coalizão Vozes do Tocantins

É formada por 10 instituições: Associação Kalunga do Mimoso do Tocantins – AKMT, Associação Indígena Pyka Mex (Apinajé), Associação Cultural Kyjre (Krahô), Colônia de Pescadores e Pescadoras de Araguacema, Associação Onça D´Água, Escola Família Agrícola de Esperantina, Cooperativa de Assistência Técnica Rural – COOPTER, Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais sem Terra – MST,  Universidade Federal do Tocantins – UFT  e Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN.

Fonte – Assessoria de Comunicação Vozes do Tocantins