A concentração de gases do efeito estufa no planeta atingiram no ano de 2018 um recorde sem indícios de recuo, segundo um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada às Nações Unidas. O anúncio, realizado nesta segunda-feira, ocorre a poucos dias do início da COP-25, em Madri, que abrirá os trabalhos no próximo dia 2. Os índices de dióxido de carbono atingiu 407,8 partes por milhão (ppm), 147% acima do registrado no nível pré-industrial de 1750.
O estudo leva em conta os gases que permanecem na atmosfera, agravando as mudanças climáticas, mas não contabiliza cerca de um quarto das emissões totais no planeta, que são absorvidas pelos oceanos e pela vegetação terrestre. Segundo o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, o recorde histórico contrasta com as metas de redução da poluição assumidas pela maioria dos países que compõem a ONU.
— Não há indícios de que haverá uma desaceleração, muito menos uma diminução da concentração de gases do efeito estufa na atmosfera, apesar de todos os compromissos assumidos em virtude do Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas — lamenta Taalas. — É importante recordar que a última vez que a Terra tinha uma concentração equivalente de CO², entre 3 e 5 milhões de anos atrás, a temperatura era de 2 a 3°C mais alta e o nível do mar, entre 10 e 20 metros superior ao nível atual.
O dióxido de carbono, segundo cientistas, é o principal causador do efeito estufa e está diretamente associado às atividades humanas. O aumento da concentração do gás em 2018 supera, inclusive, a taxa média de crescimento registrada nos últimos dez anos — o que também ocorreu com o metano, ligado ao agronegócio, ao cultivo de arroz, a lixões e à exploração de combustíveis fósseis e o óxido nitroso, atrelado a fertilizantes e processos industriais.
O óxido nitroso também causa forte impacto contra a camada de ozônio, que filtra os raios ultravioletas do sol. Estima-se que os quatro maiores emissores destes gases — China, Estados Unidos, União Europeia e Índia — sejam responsáveis por 56% das emissões globais. Segundo um estudo da ONG americana Fundação Ecológica Universal, apenas o bloco europeu está em vias de cumprir ou de superar suas metas. Os EUA, por sua vez, abandonaram o acordo neste ano.
Durante a apresentação do relatório em Genebra, Taalas exortou os países a “concretizar os compromissos por meio de ações e aumentar o nível de ambição em prol do bem estar da humanidade no futuro”. Em 2015, os países-membros das Nações Unidas assinaram o Acordo de Paris, que propõe, entre outras metas, reduzir a emissão de gases poluentes em resposta à emergência climática.
Fonte: Extra Globo