Quando entramos em um restaurante para jantar a experiência da cozinha autoral, assinada por um chef renomado, é um grande (se não o maior) atrativo para qualquer freguês. Subchefs e cozinheiros se esforçam para seguir à risca uma receita, mas não é difícil imaginar que parte do passo a passo na busca de um prato perfeito seja, em breve, executado por máquinas.
Em uma cozinha em Boston, nos Estados Unidos, essa projeção já é uma realidade. O Spyce é um restaurante que está na intersecção entre tecnologia e hospitalidade, disponibilizando refeições acessíveis, saborosas e nutritivas controladas a partir de uma programação em máquinas. Tudo começou quando quatro estudantes do MIT, o famoso Instituto de Tecnologia de Massachusetts se deram conta de que seu enorme apetite, potencializado pelas muitas horas seguidas de treino de pólo aquático, exigia uma nutrição de melhor qualidade que os clássicos almoços para viagem, mas o orçamento enxuto não podia bancar.
Obcecados por robótica, eles construíram um protótipo no porão. “Dois anos e muitas queimaduras, hematomas e brotos de Couve-de-Bruxelas mais tarde, estamos abrindo nosso primeiro restaurante e não poderíamos estar mais empolgados”, dizem os sócios no site do Spyce. Eles dividiram a ideia com o diretor de cozinha Daniel Boulud, um “Michelin estrelado”, que trouxe para a roda seu conhecimento sobre os ingredientes e excelentes receitas; ele, por sua vez, convidou o chef Sam Benson com quem havia trabalhado, a assumir o papel de chef executivo. O seis se tronaram, então, sócio-investidores do que parece ser a primeira cozinha controlada por robôs.
Os pratos seguem a inspiração da comida oriental, consumida em bowls, já que assim é obviamente mais fácil de controlar a montagem do pratos que levam cerca de três minutos para ficar prontos. A referência culinária, no entanto, tem alumas receitas inspiradas na gastronomia tailandesa mas também pratos da culinária internacional contemporânea. Cada tigela pode ser customizada ao gosto do freguês, incluindo opções vegetarianas, sem glúten e vegan.
Os pedidos são feitos em tablets no salão. As máquinas adicionam os ingredientes nos recipientes de inox, misturam, aquecem e servem no prato. Ao final do processo um único funcionário, o controlador da grade, dá o toque final à refeição, assim como acontece em um restaurante tradicional. “Eles controlam o ritmo da cozinha e garantem que sua refeição chegue até você com a melhor aparência”, contam no site do Spyce.
Pode ser que esta seja apenas mais um projeto ousado de estudantes para garantir um preço camarada na comida, já que eliminaram muitos intermediários do processo. Mas pode ser também que este seja o início de uma considerável transformação na indústria. Só o futuro vai dizer.
Fonte: Revista Casa e Jardim